Entre os desafios enfrentados pela
medicina encontra-se o do diagnóstico das chamadas doenças raras, que
costumam apresentar sintomas confundidos com os de outras doenças mais
prevalentes. As doenças raras são assim denominadas por afetarem um
pequeno número de pessoas – se comparado à população geral – no entanto,
as mais de 7.000 doenças desse tipo afetam aproximadamente entre 5% e
10% da população mundial. Dentre elas está a Fibrose Pulmonar
Idiopática, ou FPI, que atinge entre 14 e 43 pessoas em cada 100.000 no
mundo.
Trata-se de uma doença progressiva, sem
cura e de causa desconhecida, que tem seus principais sintomas, como
tosse seca, cansaço e falta de ar, frequentemente confundidos com sinais
de envelhecimento, uma vez que atinge principalmente a população idosa.
A doença é mais observada em homens do que em mulheres e seu
diagnóstico é desafiador, a respeito do qual o Dr. Adalberto Rubin,
pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS), comenta: “O
diagnóstico de FPI tem como principal dificuldade o desconhecimento por
parte dos profissionais de saúde e da população em geral sobre a doença,
podendo levar até três anos para ser feito com precisão. Por conta
desse quadro estima-se que muitos pacientes ainda não tenham sido
diagnosticados”.
A FPI é mais comum entre pessoas que
foram ou são fumantes, que foram expostas a poluentes ambientais ou no
trabalho, com mais de 50 anos e que possuem o diagnóstico de Doença do
Refluxo Gastroesofágico (DRGE), uma doença digestiva em que os ácidos do
estômago voltam pelo esôfago ao invés de seguir o curso natural da
digestão. Este quadro faz da DRGE o maior fator de risco para a
microaspiração, situação em que a pessoa aspira pequenas quantidades de
conteúdo gástrico do estômago para o pulmão e que cada vez mais é
apontada pelos médicos como possível causa da injúria pulmonar inicial
que desencadeia a FPI.
Além disso, alterações em exames que
diagnosticam DRGE podem ser encontradas em 68 a 94% dos pacientes com
FPI, de modo que a atenção aos refluxos passa a ser parte importante do
tratamento da doença como um todo. De acordo com o Dr. Rubin, “O
tratamento de FPI não inclui apenas medicamentos para estabilização da
doença, mas também medidas como o combate ao refluxo gastroesofágico,
ocontrole do nível de oxigenação do paciente e acompanhamento de
atividades físicas para reabilitação pulmonar”. Em relatos de pacientes
de FPI tratados com terapia antirrefluxo, verificou-se uma estabilização
ou melhora da capacidade pulmonar.
Esse cenário reforça a necessidade de
atenção para os sintomas, sobretudo entre idosos, para que se possa
fazer um dianóstico preciso e, na medida do possível, rápido da doença,
de modo que médico e paciente possam desenhar um tratamento adequado.
Dr. Rubin explica que existem tratamentos disponíveis para FPI capazes
de diminuir a progressão da doença em 50%. “O nintedanibe, droga que
desacelera a perda de função pulmonar, passou a ser comercializado no
Brasil em 2016 e representa uma grande esperança para os pacientes
brasileiros”. Via PnoAR.
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