A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que vai
recomendar ao presidente Michel Temer que vete o projeto de lei que
autoriza a produção e comercialização de medicamentos emagrecedores. A
proposta, aprovada nesta tarde pela Câmara dos Deputados, será encaminhada para sanção presidencial.
De
acordo com a Anvisa, a medida representa “sério risco” à saúde ao
retirar a necessidade de registro das autoridades sanitárias. O projeto
autoriza a manipulação e o consumo, sob prescrição, de medicamentos que
contenham substâncias com potencial para emagrecer. Os chamados
anorexígenos sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol passam a
ser permitidos caso o projeto seja sancionado. Essas substâncias inibem o
apetite e geralmente são utilizadas em tratamentos contra a obesidade
mórbida.
A Anvisa alerta que o registro sanitário busca garantir a
segurança e eficácia dos medicamentos, após a realização de testes. Em
análises anteriores, o órgão atestou que, em três desses medicamentos,
os benefícios eram menores que os danos. Isso porque os pacientes
poderiam desenvolver problemas cardiovasculares.
“A Agência
entende que a medida representa sério risco para a saúde da população ao
retirar da Agência a competência legal para a regulação a respeito do
registro sanitário dessas substâncias. Para a Anvisa, a aprovação do PL
promove sério dano ao regime jurídico dos produtos submetidos ao
controle da vigilância sanitária,”, afirmou, por meio de nota.
Como
exemplo, a agência sanitária cita a fosfoetanolamina, conhecida como
“pílula do câncer”, cuja utilização foi aprovada pela Câmara e
posteriormente barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após a
decisão, informou, “todos os testes” demonstraram a “não eficácia” da
substância.
Ao propor o projeto, em 2011, o deputado Felipe
Bornier (PROS-RJ) ressaltou o apoio de entidades médicas e apresentou
como justificativa que a retirada dos medicamentos do mercado
significaria deixar “sem tratamento os mais de 30 milhões de brasileiros
afetados pela obesidade”. Já a Anvisa se coloca à disposição para
fornecer as informações técnicas necessárias, mas alerta que a liberação
de medicamentos sem o “devido crivo técnico seria colocar em risco a
saúde da população”.
“Ressalta-se que a substância ativa
sibutramina continua como opção terapêutica disponível para a população
brasileira em medicamentos industrializados - com o devido registro na
Anvisa - e que podem ser produzidos e comercializados por farmácias de
manipulação. O registro de medicamentos com as substâncias anfepramona,
femproporex, mazindol pode ser solicitado e poderá ser concedido
mediante a apresentação de dados que comprovem a eficácia e segurança
dos mesmos”, diz a Anvisa.
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