Pelo direito à fé e à diversidade religiosa, representantes de povos
de matriz africana reivindicam políticas de proteção e segurança dos
terreiros e garantias de manutenção das práticas tradicionais.
Lideranças religiosas de vários estados participaram da 4ª
Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) entoando
cantos, relatando casos de violações de direitos e levantando propostas
de combate ao preconceito e à intolerância.
“A gente está vendo terreiros e os símbolos do candomblé, das
religiões de matriz africana, sendo destruídos por fundamentalistas das
mais variadas tendências religiosas. E a gente precisa que esses
fundamentalistas comecem a respeitar mais a fé alheia, porque você tem
direito a sua fé, tem direito até de não professar nenhuma fé”, disse
Erivaldo Oliveira, presidente da Fundação Cultural Palmares.
Segundo Oliveira, a fundação recebeu, desde 2015, cerca de 100
denúncias de violações contra terreiros em todo o país. O especialista
em políticas públicas acredita que o número pode ser ainda maior.
“Isso tudo é fruto de um racismo, de um preconceito exacerbado no
Brasil e também da falta de conhecimento, porque as pessoas do Brasil
não se acostumaram com a cultura afro-brasileira e não entendem o que é
um terreiro, a umbanda e o candomblé”, declarou.
Uma das propostas levantadas durante a conferência foi o
fortalecimento da Lei 10.639, que obriga as escolas a incluírem no
conteúdo programático o ensino da história da África e da cultura
afro-brasileira.
“Quando você implementa a [Lei] 10.639, você está fazendo um trabalho
com uma criança para que ela se torne um adulto que vai respeitar, ela
não vai ser um adulto intolerante”, defendeu a mãe de santo Tuca
D´Osoguiã, integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade
Racial (CNPIR).
Mãe Tuca afirmou que uma das prioridades eleitas durante a
conferência é lutar pelo arquivamento da ação que tramita no Supremo
Tribunal Federal contra o sacrifício de animais para fins religiosos. Os
praticantes da fé de matriz africana querem manter as práticas de abate
de animais destinados à alimentação nos cultos dos terreiros. “Se esta
ação passar no STF, pode virar uma jurisprudência e isso acaba com nossa
cultura e com a segurança alimentar do nosso povo”, disse Mãe Tuca.
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