O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, por meio de uma carta, o comportamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
durante o julgamento dos recursos apresentados pela sua defesa nos
últimos dias. Reiterando sua inocência, Lula também provocou adversários
a apresentarem uma "prova material" antes do dia 15 de agosto, data
limite para os partidos e coligações registrarem as candidaturas na
Justiça Eleitoral.
"Tudo
isso me leva a crer que já não há razões para acreditar que terei
Justiça, pois o que vejo agora, no comportamento público de alguns
ministros da Suprema Corte, é a mera reprodução do que se passou na
primeira e na segunda instâncias", escreveu.
No documento, lido pela presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann,
durante reunião da Executiva Nacional do PT, em Brasília, Lula
destacou: "Se não querem que eu seja Presidente, a forma mais simples de
o conseguir é ter a coragem de praticar a democracia e me derrotar nas
urnas. Por isso, até que apresentem pelo menos uma prova material que
macule minha inocência, sou candidato a Presidente da República. Desafio
meus acusadores a apresentar esta prova até o dia 15 de agosto deste
ano, quando minha candidatura será registrada na Justiça Eleitoral."
Lula
criticou também o comportamento recente de ministros do STF, dizendo
que alguns têm usado de decisões monocráticas para encaminhar os
recursos de sua defesa para os colegiados menos favoráveis, "como se
houvesse algum compromisso com o resultado do julgamento."
Citando nominalmente o ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato na Suprema Corte, o ex-presidente reclamou que o
magistrado retirou da Segunda Turma o julgamento do habeas corpus e o
remeteu para o Plenário. "Tal manobra evitou que a Segunda Turma, cujo
posicionamento majoritário contra a prisão antes do trânsito em julgado
já era de todos conhecido, concedesse o habeas corpus", disse.
"Cabe
perguntar: por que o relator, num primeiro momento, remeteu o
julgamento da cautelar diretamente para a Segunda Turma e, logo a
seguir, enviou para o Plenário o julgamento do agravo regimental, que
pela lei deve ser apreciado pelo mesmo colegiado competente para julgar o
recurso?", questionou. "Tal comportamento, além de me privar da
garantia do Juiz natural, é concebível somente para acusadores e
defensores, mas totalmente inapropriado para um magistrado, cuja função
exige imparcialidade e distanciamento da arena política."
O
ex-presidente Lula está preso em Curitiba desde 7 de abril após ter sido
condenado pela Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro.

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