Apesar de proibido na maior parte das salas de aula do país, o uso do
celular em atividades pedagógicas cresce ano a ano. Mais da metade dos
professores dizem que utilizam o celular para desenvolver atividades com
os alunos, que podem ser desde pesquisas durante as aulas, até o
atendimento aos estudantes fora da escola. O uso não se restringe aos
docentes: mais da metade dos estudantes afirmam que utilizaram o
celular, a pedido dos professores, para fazer atividades escolares.
A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
nas Escolas Brasileiras (TIC Educação 2017), divulgada esta semana,
mostra que o percentual de professores que utilizam o celular para
desenvolver atividades com os alunos passou de 39% em 2015 para 56% em
2017. O aumento aconteceu tanto nas escolas públicas, onde o percentual
passou de 36% para 53%, quanto nas particulares, crescendo de 46% para
69%.
Entre os alunos, o uso também aumentou. Em 2016, quando a pergunta
foi feita pela primeira vez, 52% disseram já ter usado o aparelho para
atividades escolares, a pedido dos professores. No ano passado, esse
índice passou para 54%. Entre os alunos de escolas particulares, o
percentual se manteve em 60%. Entre os das escolas públicas, aumentou de
51% para 53%.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, diante da falta de
infraestrutura, sobretudo nas escolas públicas, o celular tem sido um
importante instrumento de acesso à internet. Os dados mostram que 18%
dos alunos usuários de internet utilizam apenas o celular para acessar a
rede nas escolas urbanas - nas escolas públicas, esse índice é 22%,
enquanto nas particulares, 2%. Metade dos estudantes de escolas
particulares disse ter acesso à internet na escola. Entre os estudantes
de escolas públicas, esse percentual é 37%.
“Mais de 90% das escolas proíbem o uso de celular na sala de aula.
Mas, ainda assim, como a internet muitas vezes não funciona, sobretudo
nas escolas públicas, utiliza-se o celular”, afirma Daniela. “Quando
pensamos em crianças e adolescentes que fazem a tarefa só com celular,
isso é complicado. Aqueles que têm acesso a mais dispositivos
possivelmente têm mais oportunidade de conhecimento e aprendizagem”.
De acordo ainda com a pesquisa, 48% dos professores deram aulas
expositivas com o auxílio de tecnologias e 48% solicitaram a realização
de trabalhos por esses meios. Outros 40% solicitaram exercícios e 40%,
trabalhos em grupos pela internet.
Nas escolas rurais, a situação é mais complicada - 36% disseram ter
acesso à internet e 48% afirmaram que não há infraestrutura para acesso
na região onde a escola está localizada. Em relação ao celular, 48% das
escolas usam celulares em atividades administrativas, como acessar
programas de gestão escolar ou mesmo para se comunicar com a Secretaria
de Educação local, sendo que 42% desses aparelhos são pessoais e não
custeados pelas escolas. Via A/B.
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