Ambientalistas, profissionais da área ambiental e integrantes
do movimento indígena realizaram hoje (19), em Brasília, um protesto
contra propostas e declarações do candidato à Presidência da
República Jair Bolsonaro (PSL), que os manifestantes classificam como
ameaças à democracia e à preservação dos recursos naturais do
país. Segundo os organizadores, 300 pessoas participaram do ato. A
Polícia Militar estimou 70 pessoas.
O diretor adjunto da Associação dos Servidores do Ministério do Meio
Ambiente (Assemma), André Jardim, disse que a mobilização teve como
propósito a defesa da causa ambiental, o que pressupõe a manutenção de
instituições que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente, como os
órgãos estaduais e municipais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que foram chamados,
recentemente, por Bolsonaro, de "indústria de multas". Para o capitão
reformado, fiscais dos dois órgãos estariam impondo injustamente
penalidades a autuados por crimes ambientais.
Outra pauta dos manifestantes é sobre a unificação dos ministérios do
Meio Ambiente e o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, proposta
pelo candidato. Jardim esclarece que os ambientalistas não se opõem a
uma interlocução entre os ministérios. "Essa integração sempre foi
defendida por ambas as pastas. Nunca a gente foi contra a integração. A
gente reconhece a importância de fazer políticas conjuntas. Entretanto,
pelas suas próprias peculiaridades e pela abrangência das agendas dessas
pastas, cada um tem que ter sua autonomia. Eles têm que continuar
existindo por si só. E a fusão, pelo porte do Ministério da Agricultura,
faz com que o do Meio Ambiente se subjugue a ele", afirmou.
Analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Jardim
destacou ainda que uma eventual saída do Brasil do Acordo de Paris -
tratado mundial de redução da emissão de gases estufa -, também
pretendida por Bolsonaro, representará um grave retrocesso. "A adesão a
esses acordos e convenções internacionais é importantíssima porque
facilita a mobilização de organismos internacionais e de outros países
preocupados com o meio ambiente em pressionar o governo brasileiro
[a olhar] para a causa ambiental."
Coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental, do
Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, ressaltou que, se
adotada, a decisão poderá prejudicar até mesmo imagem do Brasil diante
de parceiros comerciais. Ela avalia que o país conseguiu se consolidar
como um líder em ações em prol do meio ambiente e que o projeto
de Bolsonaro seria um "desmonte" dessa conquista.
"É uma perda para o país, do ponto de vista para as condições de
controlar o uso do seu patrimônio [ambiental] e uma perda para a
visibilidade internacional do país, afetando, inclusive, as relações
comerciais, porque o Brasil é um produtor de commodities, ele
depende de conseguir vendê-las. E a negação dos compromissos ambientais
tem, certamente, impacto para aqueles consumidores, principalmente na
Europa, onde esses acordos são fundamentais para afiançar a venda de
produtos originários de regiões de floresta", ponderou Adriana.
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