sexta-feira, outubro 19, 2018

Manifestantes criticam propostas de Bolsonaro para meio ambiente.

Ambientalistas, profissionais da área ambiental e integrantes do movimento indígena realizaram hoje (19), em Brasília, um protesto contra propostas e declarações do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), que os manifestantes classificam como ameaças à democracia e à preservação dos recursos naturais do país. Segundo os organizadores, 300 pessoas participaram do ato. A Polícia Militar estimou 70 pessoas.

O diretor adjunto da Associação dos Servidores do Ministério do Meio Ambiente (Assemma), André Jardim, disse que a mobilização teve como propósito a defesa da causa ambiental, o que pressupõe a manutenção de instituições que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente, como os órgãos estaduais e municipais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que foram chamados, recentemente, por Bolsonaro, de "indústria de multas". Para o capitão reformado, fiscais dos dois órgãos estariam impondo injustamente penalidades a autuados por crimes ambientais.

Outra pauta dos manifestantes é sobre a unificação dos ministérios do Meio Ambiente e o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, proposta pelo candidato. Jardim esclarece que os ambientalistas não se opõem a uma interlocução entre os ministérios. "Essa integração sempre foi defendida por ambas as pastas. Nunca a gente foi contra a integração. A gente reconhece a importância de fazer políticas conjuntas. Entretanto, pelas suas próprias peculiaridades e pela abrangência das agendas dessas pastas, cada um tem que ter sua autonomia. Eles têm que continuar existindo por si só. E a fusão, pelo porte do Ministério da Agricultura, faz com que o do Meio Ambiente se subjugue a ele", afirmou.

Analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Jardim destacou ainda que uma eventual saída do Brasil do Acordo de Paris - tratado mundial de redução da emissão de gases estufa -, também pretendida por Bolsonaro, representará um grave retrocesso. "A adesão a esses acordos e convenções internacionais é importantíssima porque facilita a mobilização de organismos internacionais e de outros países preocupados com o meio ambiente em pressionar o governo brasileiro [a olhar] para a causa ambiental."

Coordenadora do Programa de Política e Direito Socioambiental, do Instituto Socioambiental (ISA), Adriana Ramos, ressaltou que, se adotada, a decisão poderá prejudicar até mesmo imagem do Brasil diante de parceiros comerciais. Ela avalia que o país conseguiu se consolidar como um líder em ações em prol do meio ambiente e que o projeto de Bolsonaro seria um "desmonte" dessa conquista. 

"É uma perda para o país, do ponto de vista para as condições de controlar o uso do seu patrimônio [ambiental] e uma perda para a visibilidade internacional do país, afetando, inclusive, as relações comerciais, porque o Brasil é um produtor de commodities, ele depende de conseguir vendê-las. E a negação dos compromissos ambientais tem, certamente, impacto para aqueles consumidores, principalmente na Europa, onde esses acordos são fundamentais para afiançar a venda de produtos originários de regiões de floresta", ponderou Adriana.

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