Um menino de 9 anos levou a arma do pai para a escola e disparou,
acidentalmente, contra si mesmo, na quarta-feira (17), em Campo Grande
(MS). Ele atingiu a própria perna esquerda. A Polícia Civil do Mato
Grosso do Sul investiga se houve negligência por parte de seu pai, que
trabalha na área de Segurança Pública e tem uma arma calibre .40
registrada legalmente.
O Colégio Adventista Jardim dos Estados emitiu uma nota em sua página
do Facebook informando que a criança foi hospitalizada e que seu estado
de saúde é estável, sem risco de morte.
De acordo com o delegado Rodrigo Camapum, da Delegacia de Pronto
Atendimento Comunitário (Depac) na capital sul-mato-grossense, se for
comprovada negligência, o pai do aluno poderá responder por omissão de
cautela, crime previsto no Estatuto do Desarmamento.
Segundo o artigo 13, a pessoa que “deixar de observar as cautelas
necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
sob sua posse ou que seja de sua propriedade” pode pegar uma pena de um a
dois anos de detenção, além de multa.
— O motivo para ele (aluno) ter levado a arma ainda não está
esclarecido. O menino precisa ser ouvido para isso — disse o delegado. —
As outras crianças também ainda serão ouvidas.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp)
informou, em nota, que vai acompanhar o caso, e a corregedoria da
Polícia Civil vai apurar eventual responsabilidade administrativa do pai
da criança.
O pai de um colega de classe do autor do disparo, que preferiu não se
identificar, contou que as crianças estavam na aula de
Geografia quando escutaram um “forte estouro”. Seu filho disse que o
menino ferido gritou e “as crianças ficaram todas assustadas”.
— A professora foi rápida em perceber e pegou a criança, já correu
pro atendimento — disse. — Eu só fiquei calmo quando vi meu filho.
Segundo Camapum, a professora prestou depoimento ainda na
quarta-feira e ressaltou não ter visto a arma, que estava dentro da
lancheira do aluno.
— Algumas crianças disseram na escola que também não viram nada.
Estamos nos baseando na materialidade do que aconteceu: o aluno estava
sentado na primeira carteira, na frente da professora, pegou a
lancheira, onde estava a arma, colocou a mão dentro dela, encostou no
gatilho e acabou disparando. O que será investigado agora é se houve
negligência do pai, se ele deixou a arma, registrada no nome dele, de
forma acessível para o menino pegá-la facilmente — disse o delegado.
Além da lancheira, a cadeira onde o aluno estava sentado também foi atingida pelo tiro.
A escola lamentou o ocorrido e afirmou estar prestando “a assistência
necessária à criança, à família e à polícia na investigação”.
“Os alunos que presenciaram o ocorrido e todos os que sentirem
necessidade terão atendimento psicológico”, afirmou a instituição no
comunicado. As aulas prosseguiram normalmente na quinta-feira.
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