A Polícia Federal (PF) apontou, no relatório final do inquérito dos
portos, indícios de que o presidente Michel Temer recebeu R$ 5,9 milhões
de propina das empresas Rodrimar, Grupo J&F e Libra. Segundo a
investigação, os repasses teriam sido realizados em doações oficiais e
em espécie.
Temer, sua filha Maristela e outras nove pessoas foram indiciados na
terça-feira, 16, pelo delegado Cleyber Malta em relatório encaminhado ao
ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF concluiu que Temer editou o Decreto dos Portos, em maio de 2017,
com “desvio de finalidade, favorecendo indevidamente empresas e
empresários do setor”. Seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha
Loures (MDB) é apontado como “interlocutor” do emedebista nas supostas
negociações com as empresas. O militar João Baptista Lima Filho, o
coronel Lima, próximo a Temer, também foi indiciado e é apontado como
“gerente” de uma “estrutura montada” para receber “benefícios
financeiros por alguns desses empresários”. A PF pediu ainda a prisão do
coronel
Segundo a PF, a estrutura da empresa Argeplan, de Lima, foi colocada à
disposição de Temer e bancou uma reforma em um imóvel de Maristela. Na
conclusão do relatório, o delegado afirma que o decreto visou a “honrar
compromissos com um setor” do qual Temer “se beneficiou com recebimento
de recursos indevidos durante quase 20 anos”.
Malta ainda aponta na conclusão do relatório a existência de
“contatos atípicos” que aparentam “ocorrência fora da sua regularidade”
entre Rocha Loures e o procurador da República Alexandre Camanho,
secretário-geral na gestão de Raquel Dodge que assumiu a
Procuradoria-Geral da República em setembro de 2017. Em mensagens de
2016, Camanho trata com Loures da futura composição do governo Temer.
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