O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) notificou a
empresa de roupas Hering solicitando esclarecimentos sobre coleta e
tratamento de dados de clientes em uma “loja conceito” da marca. A
entidade quer avaliar se há violações a direitos do consumidor e à
privacidade das pessoas que frequentam a unidade.
A empresa inaugurou no Shopping Morumbi, em São Paulo, uma loja
chamada Hering Experience, que conta com diversos recursos tecnológicos
de personalização para o usuário. Sistemas monitoram a reação de
clientes às roupas, utilizando tecnologia de reconhecimento facial. A
marca anunciou que a “experiência” no local seria utilizada para
publicidade personalizada.
O Idec, no entanto, quer entender como esses recursos funcionarão e
como se dará a coleta, o armazenamento e o tratamento dos dados. O
instituto suspeita que a iniciativa possa incorrer em uma série de
violações dos direitos de quem frequenta a loja.
O primeiro ponto é a ciência dos clientes acerca do que está sendo
coletado e de que maneira tais registros são aplicados. “Queremos saber
como empresa pede consentimento, se ela tem procedimento neste sentido,
se avisa o cliente”, explicou a
pesquisadora de direitos digitais do Idec Bárbara Simão. A falta de
informação adequada, acrescenta, seria compreendida como um desrespeito
ao Código de Defesa do Consumidor (CPC).
Segundo a pesquisadora, o monitoramento dos clientes para aferir a
reação a roupas sem que estes saibam ou tenham autorizado pode
configurar prática abusiva. “Se isso não tiver consentimento do
consumidor é um tipo de pesquisa de mercado compulsória, ele entra lá e
participa sem saber o que está acontecendo”, avalia.
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