Foi lançada hoje (8), na capital paulista, uma campanha que tem como
objetivo proteger crianças e adolescentes da violência sexual
e doméstica. A iniciativa, que é uma parceria das organizações não
governamentais Visão Mundial e Instituto Maria da Penha, vai ocorrer em
escolas e igrejas nas cidades de Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro.
Os casos de violência sexual contra crianças menores de 13 anos
representam 51% das ocorrências no Brasil em 2016, apontam dados do
Atlas da Violência de 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea).
“A transformação da cultura machista no mundo passa pelas escolas,
pelas igrejas e pelos contextos em que a criança vai formando a sua
mentalidade, a sua atitude. E nós não estamos falando apenas de meninas,
precisamos trabalhar também com os meninos”, argumentou Raíssa
Rossiter, diretora da ONG internacional Visão Mundial.
Como parte da ação, foram lançados hoje dois materiais que fazem
parte da campanha. O curta-metragem Estamos Junt@s apresenta aos
adolescentes formas de identificar situações de risco, romper com o
silêncio que mantém a violência e promover a tomada de iniciativa. O
filme tem 10 minutos e é acompanhado de um guia didático com orientações
para oficinas e textos de apoio.
O outro material é uma cartilha que traz 13 frases cotidianas que
naturalizam a violência de gênero. “Por trás de um grande homem, existe
uma grande mulher”, “Deveria ser um pouco mais feminina”, “Homens não
choram”, “Foi ela quem buscou por andar vestida assim” e “Essa cor é de
mulher” são exemplos de situações explicadas por meio de textos e
ilustrações.
A vice-presidenta do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa,
destacou a necessidade de rever a cultura machista desde a infância. “Já
no namoro as meninas começam a aceitar a condição de violência na
perspectiva de que se ela recuar, ele vai mudar. Não começa no
casamento. Começa bem antes. Estamos um pouco atrasados no olhar sobre a
questão da violência no namoro”, apontou.
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