segunda-feira, março 04, 2019

'O filme era sobre a cura, não sobre o homem', diz Candé Salles, documentarista de João de Deus .

O escritor Caio Fernando Abreu, a cantora Marina Lima e o médium João de Deus despertaram a atenção do cineasta Candé Salles, de 42 anos, por motivos diferentes, mas com intensidades semelhantes. Caio, obsessão do diretor na adolescência, tornou-se tema de “Para sempre teu Caio F.”, seu primeiro filme, lançado em 2014. Marina, a amiga que virou namorada, está no documentário “Uma garota chamada Marina”, com produção de Letícia Monte e Lula Buarque, e estreia prevista para o fim de abril. 

Já o médium João, acusado de abuso sexual por mais de cem mulheres, foi objeto de estudo de Candé durante cinco anos e resultou no filme “João de Deus: o silêncio é uma prece”, um ano antes de as denúncias virem à tona.

— Em nenhum momento vi nada que me fizesse suspeitar dele. A narrativa do filme era sobre o processo de cura, não sobre o homem — diz Candé.

Quando terminei o filme do Caio, buscava outro personagem forte. Um amigo me falou muito sobre João e os processos de cura que aconteciam em Abadiânia. Dei um Google, vi que a BBC, a Oprah e diretores da Alemanha e da França já tinham ido lá. Achei curioso que um senhor de uma cidadezinha fizesse operações físicas, sem anestesia, tirasse pessoas desenganadas da cadeira de rodas. Decidi ir lá. Quando cheguei, entendi: era um hospital espiritual. Uma meditação coletiva com um poder de cura absurdo. Tentei me conectar com a luz e pedi que me tirasse a vontade de beber e usar drogas.

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