A procura por uma literatura infantojuvenil que tivesse referências
na cultura negra para a filha Sara, de 3 anos, levou a professora Sinara
Rúbia a criar a princesa Alafiá. A princesa Alafiá ganhou corpo durante
a elaboração da monografia de Sinara no curso de letras, na
Universidade Estácio de Sá (Unesa), em Petrópolis (RJ), virou conto e um
livro que traz histórias da guerreira e quilombola imaginada em 2003,
quando a professora se preocupava com a construção da identidade da
filha, uma menina negra que crescia e precisava ter referências tanto em
filmes, como nas bonecas e em narrativas.
“[Em 2003] foi quando eu me deparei com este tema, comecei a procurar
personagens e referenciais dentro da literatura. Entendi a escassez e
praticamente ausência de personagens negros com referenciais positivos e
saudáveis. Quando tinha, eram sempre estereotipados e narrados de uma
outra forma a partir do racismo”, disse à Agência Brasil.
O conto, escrito em 2007, após a conclusão da monografia, se
transformou em livro que foi lançado, no dia 15, no Museu de Arte do Rio
(MAR), na Praça Mauá. “Essa história surgiu por conta do resultado da
minha monografia e segue a mesma estética dos contos de fada. Tem a
aventura, só que a minha princesa é uma princesa negra, que foi
escravizada, se tornou guerreira e quilombola, que resistiu à escravidão
com resiliência. Tem a questão do amor também, mas não é com um homem
que resolve todos os problemas e leva ela para viver submersa em um
castelo. É uma princesa que casa e se apaixona pelo chefe do quilombo,
inspirada na trajetória das mulheres negras do Brasil”, indicou.
O livro, segundo Sinara, foi a forma de ampliar o universo da
princesa Alafiá, que até ali ficava restrita aos momentos de contação de
história de que participava. “Resolvi colocar a história no libro, para
ela, além da minha voz na contação de história e do meu trabalho,
circular com uma abrangência maior da proposta que fala de mulher, de
empoderamento feminino, da história do negro no Brasil e da história do
Brasil em uma outra perspectiva da literatura infantojuvenil”, disse.
Os interessados na compra de um exemplar podem acessar o perfil no Facebook da
editora. “Estou trabalhando há três anos como livraria de literatura
infantojuvenil e agora lancei meu primeiro livro como editora, com três
mulheres estreantes", disse Tatiane.
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