Mulheres negras evangélicas, católicas e candomblecistas apresentaram na terça (23) durante a 12ª edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro
Latino Americana e Caribenha – suas experiências de resistência ao
racismo a partir da prática religiosa. Ao participar de debate que
discutiu as “Ancestralidades como pertencimento”, as mulheres
reafirmaram a necessidade de combater a intolerância religiosa que, no
Brasil, se expressa, sobretudo, no ódio às crenças de matriz africana.
A advogada Juliana Maia, da Comunidade Batista de São Gonçalo e
pesquisadora do movimento pentecostal no Brasil, destacou, a partir da
historiografia mundial, exemplos de levantes e atos de resistência negra
que partiram da espiritualidade. Entre eles, ela citou o vudu no Haiti,
no contexto de independência e libertação dos escravos; o islamismo na
Revolta dos Malês, na Bahia, no século 19; o movimento rastafári na
Jamaica; e o cristianismo na luta abolicionista e contra a segregação
racial. “E no Brasil as casas de candomblé, os terreiros de matriz
africana como espaço de resistência e de luta”, disse.
A candomblecista Iyá Karen D’Osún, de Tradição Africana, em São
Paulo, destacou o papel que a espiritualidade teve na resistência do
povo negro escravizado. “Ainda estamos na batalha, cada dia, para falar,
orientar, ir em mesas fazer palestras para divulgar a nossa religião e
vencendo o preconceito. Temos muitas Iyás dedicadas à religião e que não
desistiram”, disse.
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