Quase seis meses após decretar o estado emergência pela Covid-19 no país, o Ministério da Saúde ainda
guarda em seus estoques 9,85 milhões de testes, segundo documentos
internos da pasta aos quais o Estadão teve acesso. O número é quase o
dobro dos cerca de 5 milhões de unidades entregues até agora pelo
governo federal aos Estados e municípios. O exame encalhado é do tipo PT-PCR, considerado “padrão-ouro” para diagnóstico da doença.
O principal motivo para os testes ficarem parados nas prateleiras do ministério é a falta de insumos usados em laboratório para
processar amostras de pacientes. Isso porque, segundo secretários de
saúde locais, não adianta só enviar o exame, mas também é preciso
distribuir reagentes específicos.
O governo federal comprou os lotes de exames, mas sem ter garantia de
que haveria todos esses insumos, indispensáveis para usar os testes.
Estes produtos não são entregues “com regularidade” pela pasta, afirma o
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Questionado pela reportagem, o Ministério da Saúde afirmou
que teve dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado
internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe
importações de fornecedores. A pasta não explicou se houve alerta dos
técnicos durante o planejamento sobre o risco de os testes ficarem
parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes
usados na etapa de extração das amostras foram entregues.
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