“Essa é nossa última chance de garantir a
sobrevivência da Fifa.” A frase, dita à reportagem do jornal O Estado
de S. Paulo pelo príncipe da Jordânia, Ali bin Hussein, um dos cinco
postulantes à presidência na eleição que ocorre nesta sexta-feira,
reflete a crise que se instalou na entidade. No entanto, do discurso à
prática o abismo é imenso. Os métodos utilizados pelos candidatos que
prometem criar uma “nova Fifa” são os mesmos dos cartolas que durante
décadas controlaram a organização: distribuição de dinheiro e de
privilégios e promessas de cargos.
As regalias aos dirigentes/eleitores
(são 207 com direito a voto) foram mantidas. Eles podem desfrutar de
privilégios diversos, limusines, hotéis de luxo e grandes festas. Apenas
para gastos pessoais, cada um recebe US$ 1 mil por dia. E ninguém
precisa prestar contas. No total, a Fifa vai distribuir mais de US$ 600
mil (R$ 2,4 milhões) para que os dirigentes possam pagar suas contas em
Zurique. E isso sem contar com a passagem aérea e as diárias de hotéis.
Todos os candidatos tiveram altos cargos na entidade enquanto a
corrupção era generalizada. Mas os cinco dizem ser a chave para o futuro
de uma Fifa mais transparente e moderna.
O advogado suíço-italiano Gianni Infantino é um dos favoritos. Seus
adversários o acusam de tentar convencer os eleitores com práticas já
conhecidas. Infantino prometeu mais vagas na Copa do Mundo, com 40
países, oferece cargos na entidade e também aumentar a transferência de
dinheiro da Fifa para os cartolas nacionais, num valor de US$ 5 milhões.
No total, distribuiria US$ 1 bilhão.
Para seu maior adversário, Salman bin Ebrahim Al Khalifa (presidente
da Confederação Asiática de Futebol), as propostas de Infantino vão
“quebrar a Fifa em três anos”. Mas ele não deixa de oferecer regalias.
Aos pequenos países, garantiu que não vai diminuir o número de cargos e
comissões na Fifa. Trata-se de um salário de até US$ 200 mil por ano,
viagens em primeira classe e diárias de US$ 1 mil por membro. Ontem,
levou um perfume de marca para cada um dos delegados e ainda garantiu:
“A Fifa não precisa de uma revolução”.
Com 40 anos, o príncipe Ali bin Al Hussein também se apresenta como o
“novo rosto da Fifa”. Porém há poucos dias, numa reunião com
dirigentes, o jordaniano brincou: “Obrigado por me receberem. Eu daria
algo em troca, mas sabe como é essa coisa de ética”.
Para o francês Jerome Champagne, seus adversários têm “simplesmente
oferecido dinheiro em troca de apoio, repetindo o sistema antigo”. O
ex-diplomata é o único a ter um programa completo de trabalho, com
propostas para limitar os custos das Copas e de impedir uma concentração
de poder no futebol apenas na Europa.
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