O juiz federal Sérgio Moro revogou a
prisão temporária do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, detido na
manhã desta quinta-feira (22), em São Paulo, durante a 34ª fase da
Operação Lava Jato, deflagrada nas primeiras horas do dia. Mantega foi
levado para a sede da Polícia Federal na capital paulista.
Ao justificar a decisão de mandar soltar
o ex-ministro, Moro afirmou que, diante do quadro de saúde da esposa de
Mantega, e como as buscas e apreensões de documentos nos endereços
residenciais e comerciais dos investigados já foram feitas, não há mais a
necessidade de manter o ex-ministro detido, já que ele não pode mais
interferir na colheita de provas. Moro não consultou o Ministério
Público Federal (MPF), nem a autoridade policial antes de tomar a
decisão.
Ao revogar a prisão temporária, Moro
garantiu que nem ele, nem as autoridades policiais ou os procuradores da
República que participam da força-tarefa da Lava Jato sabiam que a
esposa de Mantega estava internada no Hospital Albert Einstein para se
submeter a uma cirurgia, “devido a uma doença grave”.
Mantega foi preso no saguão do Hospital
Albert Einstein, na capital paulista, no início da manhã. Ele
acompanhava a esposa, que tem câncer e estava sendo anestesiada para
passar por uma cirurgia. Segundo o advogado, os policiais estiveram às
6h no apartamento de Mantega, em Pinheiros, zona oeste, mas encontraram
apenas o filho adolescente e a empregada doméstica.
Ao ser informado sobre a chegada dos
policiais, o advogado orientou, por telefone, que Mantega deixasse o
centro cirúrgico e descesse ao saguão. “Eu disse: é melhor sair daí,
senão vai gerar um tumulto”, contou o advogado José Roberto Batochio. O
ex-ministro recebeu voz de prisão quando já estava no saguão.
Segundo o procurador da República Carlos
Fernando dos Santos Lima, o ex-ministro é acusado de ter solicitado ao
empresário Eike Batista um montante de R$ 5 milhões para quitação de
dívidas de campanha do PT. A Polícia Federal, com apoio da Receita
Federal, investiga fatos relacionados à contratação pela Petrobras de
empresas ligadas a Eike Batista para a construção de duas plataformas
(P-67 e P-70) para a exploração de petróleo na camada pré-sal. Moro
afirma já haver provas de que, em abril de 2013, Eike Batista “teria
pago” US$ 2,350 milhões ao publicitário João Santana e a Mônica Moura,
responsáveis pelo marketing das campanhas do PT. O depósito da quantia
estaria comprovado documentalmente nos autos do processo.
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