O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (21) em
Fortaleza que não roubou e que não aceita a “ideia de que um grupo de
jovens procuradores digam que não têm provas, mas têm convicção.” Ele
falou durante um comício em Fortaleza da candidata do PT à prefeitura da
capital cearense, Luizianne Lins.
Esta é a primeira visita de Lula a uma cidade do Nordeste desde que a
força-tarefa da Operação Lava-Jato apresentou denúncia contra ele com a
acusação de que o ex-presidente havia recebido propina de empresas
envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras. Ontem (20), o juiz
Sérgio Moro, responsável pelos processos gerados no âmbito da Lava-Jato,
aceitou a denúncia.
“Eu quero dizer para eles: peguem a convicção de vocês e façam o que
quiserem, mas se querem me acusar, mostrem uma prova. Não quero estar
acima da lei”, disse Lula. “Se eles provarem que tem R$ 10 de desvio na
minha vida, não preciso do julgamento deles, mas do de vocês. Se não
tiver, que tenham a grandeza de pedir desculpa a mim e à minha família.”
O comício foi feito na Praça do Ferreira, no centro da cidade, um dos
cartões-postais de Fortaleza. Milhares de pessoas participaram do ato.
Lula estava acompanhado do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do
presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
Durante a manhã, Lula esteve nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, na região do Cariri, e em Iguatu, no centro-sul do estado.
Lula estará amanhã (22) em Natal (RN) e no Recife (PE).
Lula também criticou o processo do impeachment de Dilma Rousseff,
dizendo que a retirada da presidenta do poder significou a cassação do
voto e a invalidade do título de eleitor dos brasileiros. Ele também
alfinetou Fernando Henrique Cardoso, ao relatar que o ex-presidente
teria dito que os nordestinos eram ignorantes e que Dilma havia sido
eleita com os votos do Nordeste. A suposta fala de FHC foi divulgada em
2014, mas desmentida por ele.
Outro assunto comentado por Lula durante o comício foi a eleição de
2018. “É cedo para falar em 2018, porque ainda não resolvemos 2016.” O
ex-presidente disse que há suposições de que as acusações contra ele
sejam uma estratégia de inviabilizar uma possível candidatura sua na
próxima eleição para presidente. “Se o problema deles é com 2018, eu não
tenho nenhuma disposição hoje, mas, se precisar, se preparem porque eu
vou voltar.”
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