Conhecido por avaliar a habilidade do aluno na interpretação e na
contextualização, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem
aprofundado cada vez mais a cobrança de conteúdo das disciplinas. Um
levantamento do Sistema de Ensino Poliedro identificou o que foi mais
exigido em cada uma das quatro áreas desde 2009, quando a prova passou
para o formato atual, até 2015.
Na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias, 30% das questões
exigiram do aluno conhecimentos sobre as formas de organização social,
movimentos sociais e pensamento político – com foco nos fatores que
levaram a revoluções e mobilizações.
Diversidade cultural e conflitos e vida na sociedade foram cobrados
em 26% das questões – a maioria envolvendo questões contemporâneas
ligadas aos conflitos atuais e suas origens, além também da cultura
brasileira e da influência africana e indígena “O Enem manteve nos
últimos anos um eixo muito bem definido e estruturado em torno dos
direitos humanos, cidadania e empoderamento. Cobrando do aluno, na
maioria das vezes, que ele relacione um tema atual com o contexto
histórico ou uma linha de pensamento”, disse Rodolfo Neves, professor de
História do Poliedro.
Para Neves, o aluno deve ficar atento aos assuntos que foram notícia
neste ano e estar preparado para fazer relações deles com temas
históricos. “Por mais que a prova tenha se tornado mais conteudista,
ainda foca muito nas interpretações, principalmente interligando
diferentes formas de linguagem, como uma pintura, um gráfico ou um
mapa”, disse.
Cláudio Hansen, professor de Geografia e gerente pedagógico do
Descomplica – plataforma online de aulas de preparação para o vestibular
-, também destaca que a prova avalia muito a capacidade do aluno em
estabelecer relações e paralelismos. “As questões do Enem vão buscar
contextualizações dos assuntos, não pedem um conhecimento direto. O
aluno precisa ser capaz, por exemplo, de ler um texto sobre condições e
formas de trabalho e identificar se é um modelo fordista ou toyotista”,
exemplifica.
Marcos Veiga, professor de História do Colégio Mary Ward, na zona
leste da capital paulista, sugere que, na reta final de estudos, o aluno
pesquise temas atuais que podem ser cobrados na prova. “É importante
ter uma boa leitura de mundo e estar preparado para fazer conexões entre
o que acontece hoje e o que se aprendeu em sala de aula.”
Ruth Borges, professora de História do Descomplica, disse que a
cobrança de conteúdos de História do Enem foca no processo de construção
do mundo atual e em como o passado trouxe sua herança para os atuais
conflitos e questões sociais. “Período Colonial Brasileiro, Império e
República Oligárquica são os temas que mais caíram nos últimos anos. Por
isso, percebemos o peso que a história do País tem para a prova.”
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