A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter Renan Calheiros
(PMDB-AL) no comando do Senado representou uma vitória do Palácio do
Planalto, que atuou para salvar o aliado desde segunda-feira, 5, logo
após a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello.
Mantido no cargo, Renan telefonou para o presidente Michel Temer e
confirmou para a próxima terça-feira, 13, a votação do segundo turno da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos e é
considerada um dos pilares do ajuste fiscal. Também está na pauta a Lei
de Diretrizes Orçamentárias.
O Planalto tenta ainda desconstruir a tese de que houve um “acordão”.
“Não é acordão, mas entendimento entre Poderes”, disse um auxiliar.
Temer estava satisfeito com a “retomada da normalidade
institucional”, que considera fundamental para devolver estabilidade
política ao País e criar condições para o crescimento.
A fórmula encontrada pelo Supremo foi costurada com a ajuda do
Planalto, ao longo de terça-feira, 6, quando Renan, depois de se recusar
a receber a notificação para se afastar da presidência do Senado, se
reuniu com o presidente.
O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse
que a decisão do Supremo foi muito positiva. “A partir de agora as
votações ocorrerão sem sobressaltos”, afirmou. “Claro que tudo isso
deixa sequelas, mas é muito bom ter essa questão resolvida de forma
razoável.” Para um assessor do presidente, o importante é afastar o
clima de crise entre os Poderes. “Na política, vaca voa.”
A equipe de Temer também avalia que o vice-presidente do Senado,
Jorge Viana (PT-AC), “contribuiu muito” para o desfecho do imbróglio.
“Eu advoguei neste caso em meu desfavor e procurei ajudar para que não
houvesse ruptura entre os Poderes”, afirmou Viana.
O governo mandou emissários para conversar com o petista para que,
caso assumisse o lugar de Renan, garantisse a votação da PEC do Teto no
dia 13. O senador deu sinais de que não atrapalharia os planos do
Executivo, apesar da pressão do seu partido.
TV ligada. Temer estava em seu gabinete, no terceiro andar do
Planalto, acompanhando a votação com a TV ligada, entre uma audiência e
outra. Em todas as conversas, reiterou que a decisão do STF foi “a mais
acertada”, já que a garantia da votação da PEC do Teto é “fundamental
para o País”.
O presidente insistiu em que o momento é de “atravessar a ponte” e
tentar sair da recessão. Se a decisão não fosse essa, a avaliação era de
que poderia haver um baque no mercado, com queda das bolsas, nova alta
do dólar e fuga de investidores. Mais cedo, ao sair de uma cerimônia,
Temer já havia dito que “seguramente” a PEC seria votada na Terça-feira.
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