segunda-feira, setembro 04, 2017

Placa instalada no Cemitério de Perus lembra mortos durante a ditadura militar.

Trinta e um ipês foram plantados hoje (4) no Cemitério Dom Bosco, mais conhecido como Cemitério de Perus, na capital paulista, para homenagear 31 militantes políticos sepultados no local em uma vala clandestina durante a ditadura militar. Também foi instalada no local uma placa com o nome dos 31 militantes. A placa atende a recomendações das comissões da Verdade Nacional e Municipal de São Paulo, que sugeriram a instalação de marcas de memória nos cemitérios municipais onde foram encontrados indícios ou documentos que atestem que ali foram enterrados militantes políticos.

“Esse ato aqui hoje é muito importante porque é uma marca de memória e existe um compromisso de todos os países que assinaram os tratados internacionais de direitos humanos de terem marcas de memória em caso de graves violações a direitos humanos. Então aqui hoje cumprimos uma marca de memória. Não temos como fazer a reparação do que aconteceu e, no caso do Brasil, a Lei de Anistia ainda impediu o julgamento dos que cometeram esses atos. Então isso [a placa] marca esse período da história para que não esqueçamos de que ele aconteceu e para que esses atos não se repitam”, disse a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa Arruda.

Os ipês foram plantados em um terreno pouco acima do local onde se encontra o Memorial aos Desaparecidos Políticos, criado em 1993 pelo arquiteto Ruy Ohtake, em que está escrito: “Aqui os ditadores tentaram esconder os desaparecidos políticos, as vítimas da fome, da violência do estado policial, dos esquadrões da morte e, sobretudo os direitos dos cidadãos pobres da cidade de São Paulo. Fica registrado que os crimes contra a liberdade serão sempre descobertos". Os ipês ficaram concentrados nesse local porque muitas das famílias de militantes políticos acreditam que há outras áreas no cemitério que podem esconder os corpos de outros presos políticos e que precisariam ser exploradas. Esse foi um pedido feito por parentes dos militantes mortos e desaparecidos na ditadura para a secretária Eloisa Arruda: para que cavem mais áreas no cemitério de Perus. Em resposta, a secretária disse à Agência Brasil, que, se houver evidências, outras escavações poderão ser feitas.

“As árvores não foram colocadas aqui porque provavelmente isso aqui ainda precise ser aberto, pode haver outros”, disse o ativista José Luiz del Roio, que militou contra a ditadura militar e teve sua companheira na época, Isis Dias de Oliveira, assassinada. “Ela desapareceu em 1972”, contou ele. “As indicações e análises feitas em arquivos indicam que tem 42 nomes a mais enterrados aqui. Essas 1.049 ossadas estão sendo investigadas e Isis é uma das possibilidades entre as 42 vítimas políticas”, completou.

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