O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou hoje (6) que o
apagão que atingiu 70 milhões de pessoas no Norte e Nordeste, em 21 de
março, foi causado por uma falha humana. Segundo a primeira versão da
nota técnica elaborada pelo órgão, havia um ajuste de proteção indevido
no disjuntor da Subestação Xingu, no Pará.
Segundo o
diretor-geral, Luiz Eduardo Barata, a empresa Belo Monte Transmissão de
Energia (BMTE) não informou ao ONS que havia estabelecido o limite de
segurança no disjuntor. Como desconhecia o ajuste, o operador determinou
a passagem de uma carga superior ao limite, e o sistema interrompeu a
circulação de corrente entre os dois lados da subestação, causando um
excesso de geração de energia elétrica de um lado e falta do outro.
"A falha é humana, porque alguém programou o ajuste, e esse ajuste foi um ajuste indevido", explicou Barata.
Quando
o disjuntor interrompeu o fluxo entre os dois lados da subestação, toda
a energia que chegava da Usina de Belo Monte, e que deveria seguir para
o Nordeste, permaneceu na Região Norte, causando uma geração acima da
necessária. O Nordeste, que nesta época do ano recebe a energia de Belo
Monte para compensar a menor geração eólica, ficou com menos geração do
que carga.
O problema desequilibrou o sistema e gerou o
desligamento em cascata, que apagou 98% das linhas de transmissão do
Nordeste e 86% do Norte. Das 480 linhas de transmissão nas duas regiões,
458 saíram do sistema.
A abertura do disjuntor se deu às 15h48, e
em questão de segundos os sistemas de energia elétrica do Norte,
Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste se separaram.
A recomposição do
sistema começou na Região Norte por volta de dez minutos depois do
incidente, e foi concluído às 17h50. Na Região Nordeste, a recomposição
teve início às 16h16 e só foi concluída às 21h25.
Um problema
adicional fez o blecaute tomar dimensão maior na região Nordeste: duas
unidades na Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, na Bahia, foram
desligadas por descoordenação no sistema de proteção.
O
desligamento ocorreu depois que a frequência do sistema já havia sido
normalizada no Nordeste, derrubando-a novamente, o que ativou a proteção
de usinas térmicas na região e também as desligou.
O relatório
foi encaminhado aos agentes envolvidos, incluindo a empresa Belo Monte,
e, dentro de 15 dias, no máximo, a versão final será apresentada à
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É a agência reguladora que
vai responsabilizar e definir possíveis punições aos envolvidos.
Segundo
o ONS, o problema que originou o blecaute já foi solucionado. A
Subestação de Xingu passou a ter dois disjuntores desde o fim de semana
posterior ao apagão, e eles funcionam com um sistema de alarmes, em vez
de desligarem em caso de possibilidade de sobrecarga.
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