sexta-feira, abril 06, 2018

‘Pedido de prisão é mais arbitrário do século’, afirma defesa de Lula

O criminalista José Roberto Batochio, defensor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira, 5, que o pedido de prisão do petista decretado pelo juiz Sérgio Moro representa um “açodamento” e que é “a mais rematada expressão do arbítrio no século 21”. Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, outro defensor do ex-presidente, disse que o mandado de prisão contraria decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

Segundo Zanin, o TRF-4, em julgamento de 24 de janeiro, “condicionou a providência (ordem de prisão) – incompatível com a garantia da presunção da inocência – ao exaurimento dos recursos possíveis de serem apresentados para aquele tribunal, o que ainda não ocorreu”.

A defesa tentou evitar a prisão de Lula com um habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal, mas o pedido foi negado pelos ministros, por 6 votos a 5 na quarta-feira, 4. Os advogados queriam que a pena só fosse cumprida após o trânsito em julgado, ou seja, após encerradas todas as possibilidades de recursos nos tribunais superiores, o que foi rejeitado.

Era possível ainda apresentar um último recurso ao TRF-4, que não tem, porém, o poder de reverter a condenação. O prazo de 12 dias para a apresentação desse recurso terminará na próxima terça-feira. No despacho, Moro criticou o uso de recursos judiciais para adiar o cumprimento de pena.

O ex-presidente foi orientado por aliados a não se entregar à Polícia Federal em Curitiba, como determinou o magistrado, e aguardar em São Bernardo do Campo, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cercado de apoiadores, o cumprimento da ordem de prisão. A ideia não é resistir à prisão, mas tentar garantir uma imagem positiva, do ponto de vista político, do momento em que Lula será detido. Segundo um petista, a questão é “semiótica”. Lula e PT querem adotar o discurso de que ele é um preso político.

Até o início da madrugada desta sexta-feira, 6, no entanto, o petista continuava reunido com aliados e advogados no sindicato e a decisão se Lula se entregaria ou aguardaria a chegada da PF ainda não havia sido tomada.

Um segundo grupo, minoritário, defendia a ida do ex-presidente a Curitiba para não passar a impressão de que estaria afrontando a Justiça.

Questionado sobre isso pelo jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, antes da decisão de Moro, Lula disse que consultaria seus advogados.

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