quinta-feira, junho 21, 2018

Estimulação cerebral é tratamento promissor contra a depressão

Vinte por cento da população sofrerá, em algum momento da vida, um episódio de depressão, doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já é a mais incapacitante do globo. Embora o tratamento convencional – psicoterapia e medicamentos – beneficie a maioria dos pacientes, de 10% a 20% deles não responderá às intervenções. Para essas pessoas, a estimulação cerebral profunda (ECP) tem sido apontada como uma das abordagens mais promissoras, com a vantagem de ter poucos efeitos colaterais.

O psiquiatra Thomas Schlaepfer, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Freiburg, na Alemanha, estuda a ECP há 15 anos e explica que, diferentemente do que se acreditou por muito tempo, a depressão não é apenas uma questão de alteração nas sinapses (a comunicação entre os neurônios) e na produção dos neurotransmissores, as substâncias cerebrais responsáveis pela sensação de prazer.

“Isso é um grande mito. Nós acreditamos que você está deprimido, toma algumas pílulas e ela vai embora, mas esse não é o caso. A depressão é muito mais complexa, provavelmente crônica, e está associada ao circuito cerebral da recompensa”, afirma o pesquisador, um dos palestrantes do Congresso Brain 2018. “A ECP estimula e ativa esse sistema. Desde a introdução dos primeiros antidepressivos, não há nada tão revolucionário no tratamento da doença”, acredita.

Para fazer essa ativação, o cirurgião implanta no cérebro pequenos eletrodos, conectados ao neuroestimulador – um equipamento semelhante ao marcapasso, posicionado sob a pele e perto da clavícula. A cada quatro anos, o aparelho precisa ser trocado e, uma vez por mês, deve-se recarregá-lo, um procedimento simples, feito pelo próprio paciente, com um dispositivo externo. O marcapasso envia estímulos contínuos à área onde está implantado – a intensidade dos pulsos, que pode variar de 20 a 200 por segundo, é definida pelo médico.
 
O procedimento é considerado simples e, segundo Schlaepfer, o efeito colateral mais comum é a infecção hospitalar, o mesmo de qualquer cirurgia. “Em minutos,o sistema de recompensa do cérebro começa a funcionar normalmente”, diz o pesquisador, esclarecendo, contudo, que não se trata de uma técnica “milagrosa”. “A depressão exige um tratamento de longo prazo.”

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