Mais de 100 pacientes com câncer de mama, atendidas pela Liga
Norte-Riograndense Contra o Câncer, estão sem usar o Trastuzumabe
(Herceptin é o nome comercial), droga extremamente benéfica no
tratamento de quimioterapia. A medicação, repassada pela Unidade
Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), deixou de ser enviada há cerca
de duas semanas pelo Ministério da Saúde que não explicou as razões
exatas da suspensão.
O oncologista clínico e superintendente da Liga, Roberto Sales,
conta que o Herceptin é usado para tratamento do câncer de mama em todos
os estágios, de forma isolada ou associada à quimioterapia. “É
extremamente útil e benéfica para a paciente que tem uma proteína
chamada HER2 positiva (HER+) nas células do tumor porque responde muito
bem ao tratamento. No mundo, 30% das pacientes têm essa proteína
presente”, explica.
Para quem não tem este remédio disponível, precisa desembolsar cerca
de R$ 7 mil para a compra de um frasco que pode render para até duas
pessoas. “A Unicat manda mensalmente as doses na quantidade solicitada
por nós de acordo com a quantidade de pacientes. Temos 103 pacientes que
precisam dessa droga. Todas estão sem a medicação. Estão sendo
prejudicadas e não se pode nem precisar o nível do prejuízo para cada
uma porque depende de cada caso, mas é muito preocupante”, relata
Roberto Sales.
O superintendente da Liga diz que apenas dois laboratórios no país
produzem a medicação que está em falta e que a previsão da Secretaria
Estadual de Saúde é de que nova compra seja feita no dia 30 de novembro,
mas deve levar mais tempo para que chegue ao Estado para que a Unicat
faça o repasse. “O prejuízo é geral, tanto para os pacientes como para a
União, porque quando reinicia o tratamento o paciente tem que tomar a
dose dobrada e depois é que volta para a dose normal, ou seja, o
paciente é submetido a mais medicação que vai custar mais caro ao
governo”, avalia.
Em nota ao portalnoar.com, o Ministério da Saúde informou que, “em
cumprimento ao acórdão publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
suspendeu a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do
Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) para a produção e
fornecimento do medicamento trastuzumabe ao Sistema Único de Saúde”. A
nota não explica as razões da suspensão mas garante que, “para evitar o
desabastecimento na rede pública, o TCU decidiu que a pasta adquira mais
161 mil frascos-ampolas do medicamento considerando o valor da última
aquisição pelo Governo Federal, até a reformulação da PDP. O Ministério
já deu início ao processo de compra emergencial do medicamento para
regularizar os envios aos estados”, contudo, não informou sobre prazo
para que a situação seja regularizada.
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