Numa articulação que juntou os cardeais da Câmara aos sacerdotes do
baixíssimo clero parlamentar, os deputados eletrocutaram o decreto do
Planalto que elevara o número de servidores com autoridade para esconder
dados que a Lei de Acesso à Informação mandara divulgar.
O documento foi fulminado ontem terça-feira, em votação simbólica. O
tamanho da derrota foi medido na votação anterior, que atribuiu à
matéria o caráter de urgente. Nessa prévia, com os nomes expostos no
painel eletrônico, o governo do capitão amargou um placar humilhante:
367 votos a 57.
Com método e maldade, os partidos que acenam com o apoio a Bolsonaro
juntaram-se à oposição para recordar ao ex-deputado com três décadas de
mandato os riscos que corre no Legislativo um “mito” que demore a
perceber que também está sujeito à condição humana. A lição foi
ministrada menos de 24 horas antes da visita que o presidente realiza
nesta quarta-feira ao Congresso, para entregar a sua proposta de reforma
previdenciária.
O ministro Paulo Guedes (Economia) tem pressa na aprovação. Os
deputados têm pedidos, não pressa. A velocidade na tramitação da reforma
aumentará na proporção direta da capacidade do governo de tornar
eficiente o balcão. O barulhinho que se ouve ao fundo é o murmúrio por
cargos públicos e verbas orçamentárias. Intensificou-se a fase do
“dá-cá”. Resta a Bolsonaro informar até onde se dispõe a levar o
“toma-lá”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário