Érika Miranda sempre foi uma judoca talentosa. No Brasil, domina
sua categoria há anos. Mas não conseguia controlar a cabeça quando
lutava contra atletas que considerava mais fortes. Era ansiedade mesmo.
Aquela pressa de colocar em prática tudo o que foi treinado, para
mostrar que o bicho-papão não é tão feio quanto as pessoas contam. Não
dava certo. "Eu sou ansiosa demais. Todo mundo na seleção sabe disso. E
isso acaba atrapalhando".
Na noite de sábado, quando ela
conquistou a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Pan-Americanos
de Toronto, foi possível ver isso. Ela venceu a canadenses Ecaterina
Guica com dois waza-aris. Foram dois golpes parecidos, em que a rival
caiu, mas não exatamente com as costas no chão. "Eu queria que o
primeiro golpe já tivesse sido ippon", admitiu, para que a luta
terminasse logo.
Pensando nesse jeito de ser
agitado de sua nova campeã pan-americana, desde 2012 a Confederação
Brasileira de Judô fez com que a psicóloga da equipe, Luciana Castelo
Branco, trabalhasse diretamente com a atleta. Funcionou. Em 2013, ela
chegou pela primeira vez em uma final de Campeonato Mundial. Foi
vice-campeã. Em 2014, terminou em terceiro lugar.
"Quando perdi
na estreia nas Olimpíadas de 2012, percebi que precisava fazer alguma
coisa. Resolvi apostar nesse trabalho psicológico. Já evolui muito, mas
ainda posso melhorar. O Pan, por exemplo, é o meu maior teste. Não pelo
resultado em si, mas pelo clima. Eu avisei que só iria ter uma chance
para lutar assim, com torcida, com pressão da família, com o tablado no
alto e todo mundo olhando. Tudo para evitar a decepção das duas últimas
Olimpíadas".

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