Para o teólogo Leonardo Boff, a turbulência política que ameaça o
mandato presidencial de Dilma Rousseff passará e deixará à presidenta e
ao PT a lição de que é preciso governar segundo a plataforma que fez sua
campanha eleitoral vitoriosa. “Dilma vai sair fortificada e,
possivelmente, essa crise vai ter um efeito positivo e purificar o PT,
que terá que voltar às bases e se refazer nos seus ideais, com
transparência”, avaliou, em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
Boff não acredita que o processo de impeachment terá seguimento no
Congresso, e diz que os perdedores da eleição do 2014 ainda não se
conformaram com a derrota e procuram sem cessar um pretexto sustentável
para desfazer o resultado legitimamente conquistado. “É um
pretexto para tirarem a Dilma do poder e isso significa um golpe de
Estado. Antigamente se dava o golpe militar. Agora, o impeachment
substitui esse golpe para tirar uma que foi eleita pela maioria do povo
brasileiro”, afirmou.
Para o teólogo, essa tentativa de impeachment contra a presidenta é
uma manipulação, liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha. “Ele é um bandido político, eticamente desqualificado, e
está levando esse processo não no sentido do Direito, mas no sentido da
vingança. e colocar os interesses pessoais dele acima da nação. É alguém
que não está interessado na ordem e só quer encobrir seus mal feitos.
Como teólogo, posso dizer que ele é um blasfêmia, ele criou uma empresa
com o nome de Jesus. É um falso cristão.”
Ele também comenta o papel de direita no Brasil nesse processo de
impeachment. “A direita está em ascensão, mas só se articula entre eles e
não tem base popular. Eles podem explorar que essas políticas de
austeridade e ajuste possam prejudicar a política de Lula, e muitos
voltariam ao estado de pobreza. Mas eu creio que como o PSDB e a
oposição não tem uma vinculação orgânica com essas bases, não sabem
manejá-las.”
Para o teólogo, a crise está despertando a militância do PT e das
esquerdas para tomar as ruas novamente e não aceitar o golpe. “Eu creio
que terá um sentido de escutar o povo, a rua vai colocar pressão no
parlamento. E como os deputados são medíocres e só pensam na reeleição,
vão votar contra o impeachment.”
“A decisão vai se dar em dois níveis: os níveis da consciência mais
crítica, mais jurídica, dos apoios dos movimentos sociais, que vão
deslegitimar esse processo. E o segundo vai se dar nas ruas, e o PT está
reconquistando as ruas. O PSDB, cuja base social é a classe média, que
vai pra rua aos domingos, para passear, não para protestar”, conclui.
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