O estudante Diego Vieira Machado, de 29
anos, assassinado no sábado, 2, no câmpus da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, na zona norte da capital
fluminense, estava com medo de continuar morando no alojamento
universitário por ter recebido ameaças por ser gay, disse seu irmão
Maycon Machado, nesta segunda-feira, 4.
“Ele não tinha medo de dar as suas
opiniões. Batia de frente, argumentava. Sofria bullying desde a infância
por ser gay, por ter cabelo grande, por ter um estilo diferente”,
contou. “Mas agora a violência parecia real e ele ligou para minha tia
para pedir dinheiro e poder sair do alojamento.”
A família é de Belém, no Pará, e não via o rapaz desde 2013, pois ele não tinha dinheiro para voltar e fazer uma visita.
Diego morava no Rio desde 2011 e começou
o curso de Letras na UFRJ em 2012. Entrou pelo sistema de cotas. “Ele
tinha o sonho de morar no Rio de Janeiro. Sempre foi estudioso e a nota
no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) seria suficiente para entrar em
faculdades de outros Estados, mas queria o Rio”, comentou o irmão.
O estudante foi encontrado no sábado na
Baía de Guanabara, dentro do câmpus. O corpo tinha sinais de
espancamento e estava sem a calça, mais um indício de crime motivado por
homofobia. No dia 7 de abril, em seu perfil no Facebook, ele havia
denunciado o caso de um rapaz violentado por seguranças que trabalhavam
nas obras de construção de um campo de rúgbi, dentro do câmpus, que
servirá para treinamento de atletas da modalidade para a Olimpíada.
Segundo o estudante, a vítima era gay e
foi violentado com um cabo de vassoura. “Nossa segurança interna não
registrou a ocorrência. E usaram desculpas do tipo ‘Mas o que você
estava fazendo aí?'”, escreveu Diego Machado.
O assassinato está sendo investigado
pela 37ª Delegacia de Polícia (Ilha do Governador) e pela Divisão de
Homicídios. O traslado do corpo para o Pará está sendo tratado por
amigas da universidade com apoio da reitoria. O enterro será no Estado
em que ele nasceu.
“Não conseguimos entender. Ele não fazia mal a ninguém”, disse Maycon.
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