Último a ser resgatado no acidente aéreo que deixou 71 mortos, entre
eles 19 jogadores da Chapecoense, o jogador Neto tem demonstrado
curiosidade em relação à tragédia da qual apenas ele e outras cinco
pessoas sobreviveram. Ainda internado no Hospital San Vicente Fundación,
o jogador assistiu a vídeos sobre o acidente e só parou por
recomendação médica. O relato é do médico intensivista Edson Stakonski,
que segue acompanhando o jogador na Colômbia e concedeu entrevista nesta
quinta-feira.
- Foi lhe contado sobre o acidente, ele sabe muito bem e chegou até a
ver alguns vídeos do acidente. Tive uma conversa com ele e pedi para
que não começasse a ver vídeos, não precisa. Se o cérebro dele protegeu
ele disso, e tirou essa informação dele, não precisa ficar enxergando
isso. Ele vai ter tempo. A gente tem que se proteger nesse momento, isso
vai comover, vai deixá-lo triste. Ele tem que viver o luto, mas não
precisa de um estímulo externo ou de uma informação externa, ele viveu
essa experiência. Quando o cérebro dele estiver pronto, as coisas
estiverem bem, o cérebro vai deixar. Não precisa ser nesse exato
momento. Tenho conversado muito com ele para que não fique estimulando
isso porque ele tem muitas lembranças que estão escondidas, mas são
ruins - contou.
A recuperação do jogador surpreendeu a
equipe de médicos. Encontrado pelas equipes de resgate quando já se
noticiava que não haviam mais sobreviventes, cerca de oito horas após a
queda da aeronave, Neto era o que apresentava o quadro mais grave. Após
deixar a UTI, ele será o último a retornar ao Brasil, nesta quinta-feira.
Stakonski
não escondeu a satisfação em ver o sucesso das demais transferências (o
jornalista Rafael Henzel e os jogadores Jackson Follmann e Alan Rushel
já retornaram) e disse que a missão será cumprida com a volta do
zagueiro.
- A relação com todos está muito próxima. Com Neto
muito maior porque ele foi o paciente mais crítico, então, ele e o
Follmann (goleiro) foram os dois que precisei ficar muito próximo, muito
junto. Só vou conseguir relaxar a hora que chegar em Chapecó, estiver
no hospital lá e passo esse "bastão" (...) Nossa missão era virmos para a
Colômbia e levar todos os sobreviventes que achássemos, se fosse um, 30
ou 50. Encontramos seis, dois não brasileiros (tripulantes), que
avaliamos, e os quatro brasileiros estamos levando para casa. A missão
está sendo cumprida - afirmou.
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