O número de homicídios de pessoas gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais deve crescer em 2016 e
superar as ocorrências dos últimos anos. A tendência é revelada pelo
Grupo Gay da Bahia, que anualmente elabora o Relatório de Assassinatos
LGBT no Brasil. Dados preliminares do levantamento apontam que o ano
deve ser fechado com o total aproximado de 340 mortes, maior número
registrado nos últimos anos.
“No ano passado (2015), foram 318
mortes. Até agora, estamos com 329 mortes, mas temos alguns casos
aguardando confirmação e o ano deve ser fechado com aproximadamente 340
mortes. Em 36 anos que monitoro os dados, nunca chegamos a esse número”,
afirmou Luiz Mott, antropólogo fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB).
Segundo ele, o aumento se deve a vários
fatores, como a coleta mais sistematizada de informações e a reação
conservadora ao maior número de pessoas que vem assumindo sua condição
sexual. “Hoje, tem mais homossexuais e trans saindo do armário por causa
das paradas gays e outras campanhas; e isso os deixa mais expostos a
situações de violência, o que levou ao aumento generalizado de crimes”,
explicou Mott.
O estudo mostra que a maior parte das
mortes (195) ocorreu em via pública, por tiros (92), facadas (82),
asfixia (40) e espancamento (25), entre outras causas violentas. O
assassinato de gays lidera a lista com 162 casos, seguido dos travestis
(80), transexuais femininas (50) e transexuais masculinas (13). A
instituição recebe informações das mortes por outras entidades, por
familiares e amigos das vítimas, mas a principal fonte da base de dados
são os casos divulgados pela imprensa. O levantamento é reconhecido pela
Secretaria Especial de Direitos Humanos.
A subnotificação das mortes ainda é um
desafio para as entidades que monitoram o problema. Mas, só pelos
resultados do último relatório, a ONG constatou que uma pessoa LGBT
morre a cada 28 horas no Brasil. E se a tendência de aumento se
confirmar, o intervalo pode cair para 24 horas. “É apenas a ponta do
iceberg, porque muitos são assassinados e as testemunhas escondem”,
disse Mott.
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