A grande maioria dos brasileiros adultos
(64%) não está com a caderneta de vacinação em dia. Embora 89% da
população reconheça a importância da imunização na prevenção de doenças,
um terço (33%) diz que “não sabe” ou “não sabe muito bem” quais vacinas
estão disponíveis para a sua faixa etária. Esse porcentual aumenta
entre os que não têm filhos: 45%.
A vacinação de maiores de 18 anos, na verdade, é negligenciada em
todo o mundo, como mostra o levantamento feito em cinco países (Brasil,
Alemanha, Índia, Itália e Estados Unidos) com 6 mil pessoas, por
encomenda do laboratório farmacêutico GSK. A pesquisa, divulgada nesta
terça-feira, 7, revela que 53% não priorizam a imunização como uma forma
eficaz de prevenção de doenças e 29% acham que a prática se torna menos
importante à medida que envelhecemos.
“A vacinação de crianças é algo que está na alma do povo; é muito
mais fácil, faz parte da consulta médica, os pediatras sabem que as
crianças precisam de vacinas”, afirma a presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações, Regional RJ, Flávia Bravo, lembrando que o
Brasil tem uma das melhores coberturas do mundo de vacinação infantil.
“Mas uma das áreas da medicina que mais evolui é a das vacinas; a
população está cada vez mais velha, daí esse movimento universal para
chamar a atenção para a importância da vacinação do adulto: não se trata
apenas de interesse de laboratório.
Nos últimos 5 anos, 58% dos adultos acima dos 18 anos se vacinaram
contra a gripe no Brasil, seguidos de 41% contra a febre amarela e 27%
contra a hepatite B. Outras doenças, no entanto, tiveram uma adesão
vacinal muito baixa, como sarampo, caxumba e rubéola (10%), meningite C
(7%), meningite B (7%) e meningite ACWY (6%). Quase a metade dos adultos
(46%) afirmou que nenhum profissional de saúde jamais mencionou a
importância da vacinação na vida adulta.
“A vacinação de adultos serve para proteger os adultos, claro, mas
também tem um papel importante na redução da transmissão das doenças em
geral”, diz Flávia Bravo. “Por exemplo, tivemos agora um surto de
sarampo no Ceará que levamos um ano para controlar: temos uma cobertura
maravilhosa no que diz respeito às crianças, mas tem muitos adultos que
não são vacinados contra sarampo.”
O levantamento mostrou, no entanto, que, no que diz respeito à
prevenção de doenças, os brasileiros preferem adotar outras práticas,
como não fumar (81%) e se alimentar bem (78%).
Segundo Bárbara Emoingt Furtado, gerente médica de vacinas da GSK, a
falta de conhecimento sobre os imunizantes disponíveis, a ausência de
uma cultura de vacinação de adultos são motivos para a baixa cobertura.
Uma outra razão seria econômica.
“Quando falamos em saúde pública, sabemos que as crianças são mais
suscetíveis e podem ter complicações mais graves do que um adulto
saudável; então o foco costuma ficar nos menores, não criamos a cultura
de vacinar adultos”, afirma. “O custo econômico também pode ser
impeditivo.”
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