Aos 74 anos, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ganha uma
nova roupagem a partir de hoje. Com a entrada em vigor da reforma
trabalhista, a relação entre patrões e empregados mudará profundamente
em meio às promessas de criação de vagas e o temor de piora das
condições de trabalho.
As regras começam a valer sem que o governo tenha decidido como será o
processo de ajuste de alguns temas prometidos ao Congresso: se por
Medida Provisória ou projeto de lei. A minuta do texto, que está na Casa
Civil, não prevê, como foi cogitado, um novo instrumento para
financiamento dos sindicatos.
O projeto que entra em vigor neste sábado, 11, foi amplamente apoiado
pelas entidades empresariais. O texto prevê, por exemplo, que os
acordos coletivos tenham força de lei.
Também acaba com a obrigatoriedade da contribuição sindical e permite
a flexibilização de contratos de trabalho. Direitos constitucionais,
como o 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e
salário mínimo, estão preservados.
Diante de alguns pontos sem acordo entre governo e Congresso e com
uma relação cada vez mais complicada com os parlamentares, o Palácio do
Planalto não conseguiu entregar a proposta de ajuste da reforma
trabalhista antes da estreia das novas regras.
O texto que vai alterar pontos, como o trabalho insalubre de
gestantes e contratos intermitentes está praticamente pronto, mas ainda
há itens importantes em aberto e precisam ser decididos pelo Palácio do
Planalto.
O governo ainda não bateu o martelo sobre como será a tramitação do
ajuste. Inicialmente, a ideia era editar uma MP previamente acertada com
os parlamentares. Costurada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), a
solução esbarrou na crescente insatisfação de parte da bancada
governista e na resistência de parlamentares ligados aos movimentos
sindicais.
Por isso, o governo passou a cogitar apresentar um Projeto de Lei,
cuja tramitação poderia ser mais bem administrada pelo governo, mas não
haveria o efeito imediato da MP.
Outro ponto ainda polêmico é o financiamento sindical. A minuta que
está na Casa Civil não prevê qualquer tipo de novo instrumento para
substituir o imposto sindical – que deixa de existir a partir deste
sábado.
O governo, porém, tem sido duramente pressionado pelos sindicatos que
exigem a regulamentação de um instrumento alternativo, como a
contribuição a ser paga na negociação coletiva. No governo, não é
descartada inclusive eventual decisão futura sobre o tema.
Trabalho insalubre. Apesar dessas dúvidas, o ajuste das normas
trabalhistas está praticamente fechado. Como prometido aos senadores, a
minuta que está na Casa Civil prevê, por exemplo, alteração das regras
para o trabalho insalubre de grávidas e lactantes.
O texto sancionado em julho previa que gestantes deveriam apresentar
atestado de saúde para serem afastadas, durante a gestação, de
atividades consideradas insalubres.
Agora, a proposta prevê vedação do trabalho nessa situação, mas
haverá possibilidade de continuar nos casos em que a trabalhadora
apresentar atestado que permita o trabalho.
Outro ponto é o que impõe quarentena de 18 meses para uma empresa
recontratar através de contrato intermitente um empregado previamente
demitido. O texto também proíbe qualquer cláusula de exclusividade para o
contrato autônomo e estabelece regras para que a jornada de 12 horas de
trabalho com 36 horas de descanso tenha de passar por acordo coletivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário