Quatro delatores premiados da Operação Lava Jato prestaram depoimento nesta sexta-feira como testemunhas de acusação em um processo que tem entre os réus o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Falaram ao juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, o ex-executivo da empreiteira Camargo Corrêa Dalton Avancini, o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco.
Questionados pela procuradora da República Jerusa Viecili e pelo advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, os quatro delatores confirmaram pagamento de propinas em contratos da Petrobras pelas empreiteiras Odebrecht e OAS,
a exemplo das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj) e da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, além de
dois gasodutos construídos para a estatal.
Avancini, Youssef,
Costa e Barusco negaram, no entanto, que tenham conhecimento sobre obras
feitas pela Odebrecht e a OAS, além da empreiteira Schahin, no sítio
Santa Bárbara, na cidade de Atibaia (SP), frequentado pelo petista e sua
família e cujos donos são próximos de Fábio Luís Lula da Silva, o
Lulinha, filho mais velho de Lula.
Segundo a denúncia do
Ministério Público Federal (MPF) que baseia o processo, as empreiteiras
participaram de um “consórcio” que construiu benfeitorias na
propriedade, equipada com piscina, churrasqueira, campo de futebol e um
lago de peixes, ao custo de 1 milhão de reais. O dinheiro, sustentam os
procuradores, foi destinado a Lula como propina de contratos da
Petrobras.
A parte da Odebrecht nas propinas teria vindo de 128
milhões de reais de vantagens indevidas em quatro contratos com a
Petrobras e, no caso da OAS, o dinheiro teria sido contabilizado em
vantagens indevidas de 27 milhões de reais pagas sobre três contratos.
As duas empreiteiras teriam pago, juntas, 870.000 reais das obras.
A
suposta “contribuição” da Schahin às obras no sítio no interior
paulista, de 150.500 reais, teria sido repassada por meio do pecuarista José Carlos Bumlai,
amigo de Lula, e retirada de propinas pagas pela empreiteira no
contrato de operação, pela empreiteira, do navio-sonda Vitória 10.000,
da Petrobras.
Além de Lula, respondem à ação penal Bumlai, os
empreiteiros José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro,
Marcelo Odebrecht e Emílio Odebrecht, o ex-executivo da OAS Agenor
Franklin Magalhães Medeiros, os ex-executivos da Odebrecht Alexandrino
Alencar, Carlos Armando Guedes Paschoal e Emyr Diniz Costa Júnior, o
ex-engenheiro da OAS Paulo Roberto Valente Gordilho, o ex-assessor
especial da Presidência Rogério Aurélio Pimentel, o advogado Roberto
Teixeira e Fernando Bittar, proprietário do sítio.
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