A previsão de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentar
o plantio de maconha para pesquisa e uso medicinal já começa a
movimentar o mercado brasileiro. Pelo menos duas empresas foram criadas
no País nos últimos anos com objetivo de ingressar no setor que,
garantem, é muito promissor.
O plantio de maconha para pesquisa e preparo de medicamentos já é
permitido em lei. Mas, para que isso se concretize, é necessário que
haja regulamentação: regras que determinem quem, como e onde o cultivo
pode ser realizado. É justamente isso que a Anvisa deve começar a
discutir neste mês. Entre os pontos que serão definidos estão se o
plantio será em estufas, em locais abertos, e como será a segurança.
“Somente com fitoterápicos usados para o tratamento da dor, o cálculo
é de que possamos movimentar R$ 2 bilhões por ano”, afirma Mário
Grieco, diretor da Knox Medical, empresa americana especializada na
produção e na venda de Cannabis sativa (o nome científico da maconha)
medicinal.
A Knox iniciou suas operações em fevereiro e busca no Sudeste a área
ideal para construir uma fábrica. Em Valinhos (SP), foi montada a
Entourage Phytolab, uma empresa que já investiu US$ 4 milhões (cerca de
R$ 15,6 milhões) para pesquisas e desenvolvimento de uma estrutura que
abra caminho para a produção de medicamentos à base de Cannabis no
Brasil.
As duas empresas têm como meta inicial produzir um medicamento para
epilepsia refratária – forma da doença que não responde às drogas no
mercado. Mas a lista de novas drogas potenciais é significativa. A
Entourage, por exemplo, concluiu há pouco a formulação do primeiro
medicamento. Além disso, já tem outras quatro composições na fila, que
deverão também ser desenvolvidas
“Listagem feita por autoridades sanitárias canadenses traz 39 doenças
que poderiam ter como indicação medicamentos feitos com Cannabis”, diz
Caio Abreu, diretor da Entourage. Há estudos que indicam melhora para
pacientes com Alzheimer, Parkinson, glaucoma, fibromialgia e Doença de
Crohn.
O nome da empresa dirigida por Abreu é uma referência ao efeito
combinado dos vários componentes da Cannabis. A planta tem cerca de 80
canabinoides. Os mais conhecidos são canabidiol e o THC
(tetraidrocanabinol) entre outros 400 componentes. Alguns estudos
indicam que o uso combinado de seus componentes pode ser mais eficaz e
seguro que substâncias isoladas. “Essas combinações podem ter ação mais
abrangente e reduzir também efeitos adversos”, diz Abreu.
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