sábado, agosto 11, 2018

Descriminalização do aborto é pauta da sociedade, dizem ativistas.

À espera de uma definição da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre os próximos passos envolvendo a discussão sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, favoráveis e contrários intensificam as discussões. Para eles, o assunto tem de estar na pauta da sociedade.

Nos últimos dias 3 e 6, o Supremo Tribunal Federal promoveu audiência pública para discutir o assunto. A ministra Rosa Weber é a relatora da ação e aguarda agora manifestação da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para decidir.  Há dois dias, o Senado da Argentina rejeitou a proposta de descriminalizar o aborto no país.

A fundadora da União de Mulheres e membro da Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, Maria Amélia de Almeida Teles, defende que a Constituição, que não criminaliza a interrupção da gravidez de forma espontânea, prevaleça sobre o Código Penal, que trata do assunto.

“A Constituição Federal não criminaliza o aborto, quer dizer, o Código Penal é que tem que mudar, não é a Constituição, porque ela não penaliza o aborto. Isso seria facilmente resolvido se a Constituição fosse respeitada”, disse Amélia Teles.

“As jovens estão em um movimento de resistência, elas defendem não só que se tenha o direito de decidir, como decidem fazer o aborto. Estamos falando de uma coisa que já está acontecendo. Mas elas precisam de uma retaguarda, não podem ficar sozinhas, é fundamental articularmos com elas”, acrescentou. 

Para Carmen Barroso, da assessoria sobre Gênero e Direitos Humanos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a descriminalização e a legalização devem ser discutidas para que as pessoas pensem sobre o tema. Ela colocou o assunto em pauta quando recebeu o Prêmio de Populações da ONU, em 2016, e contou sobre o aborto que ela fez em 1966.

“[O tema] sensibilizou pessoas que nunca tinham prestado atenção no problema a perceber que aquele era um problema importante e que era um direito das mulheres”, disse. “Algumas pessoas estão em cima do muro porque nunca pensaram sobre o assunto, então tem que ir na mídia e bombardear até que as pessoas prestem atenção”.

Maria Amélia de Almeida Teles defende que a descriminalização e a legalização do aborto devem envolver as mulheres como um todo, de forma coletiva. “O aborto, sendo um tema clandestino, é feito na clandestinidade”.

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