A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (24) em discurso
de abertura da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York,
que as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o
direito internacional e “afrontam” os princípios que regem a relação
entre os países.
Dilma iniciou o discurso, que durou 23 minutos, lamentando atentado
terrorista da semana passada no Quênia e matou mais de 50 pessoas.
"Jamais transigiremos com a barbárie", disse.
Em seguida, passou a criticar as ações de espionagem dos Estados Unidos
das quais ela, assessores e a estatal Petrobras foram alvos, segundo
revelou o programa Fantástico.
"Quero trazer à consideração das delegações uma questão à qual atribuo a
maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as atividades
de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e
repúdio em amplos setores da opinião pública mundial", disse Dilma no
discurso, tradicionamente proferido pelo presidente do Brasil, primeiro
país a aderir à ONU em 1945.
A presidente destacou que o Brasil apareceu como alvo "dessa intrusão", afirmou, em relação à espionagem.
"Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objeto de
interceptação. Informações empresariais – muitas vezes com alto valor
econômico e mesmo estratégico – estiveram na mira da espionagem. Também
representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente
junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República do Brasil
tiveram suas comunicações interceptadas", afirmou.
Para a presidente, "imiscuir-se dessa forma na vida dos outros países
fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as
relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas".
Diante das delegações de mais de 190 países, inclusive dos Estados
Unidos, Dilma afirmou que “não procedem” as afirmações do governo
norte-americano de que a interceptação da comunicação de autoridades
destina-se a proteger os cidadãos contra o terrorismo.
"O Brasil repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas. Somos um país democrático", declarou.
A fala de Dilma antecedeu o discurso do presidente norte-americano,
Barack Obama. Na última terça-feira (17), ela anunciou o adiamento da
visita de Estado que faria em outubro a Washington, nos Estados Unidos,
em razão das denúncias de espionagem.
A presidente brasileira afirmou que "ações ilegais" são "inadmissíveis".
“Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser
garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos
cidadãos de outro país. Não se sustentam argumentos de que a
interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as
nações contra o terrorismo”, afirmou Dilma.
A presidente destacou que o Brasil é pacífico e democrático e não tem
historio de terrorismo. Segundo ela, o país “sabe se proteger” e
“repudia” e “não dá abrigo” a grupos terroristas. “Somos um país
democrático, cercado de países democráticos, pacíficos e respeitosos do
direito internacional”, disse.
Ao lembrar que lutou na juventude contra a ditadura militar, a
presidente afirmou que vai defender “de modo intransigente” o direito à
privacidade dos indivíduos.
“Sem ele, o direito à privacidade, não há efetiva liberdade de
expressão e opinião e, portanto, não há efetiva à democracia. Sem
respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as
nações”, afirmou Dilma.
De acordo com a presidente, o problema afeta a própria comunidade
internacional. "Temos que criar as condições para evitar que o espaço
cibernético seja arma de guerra", disse. Via g1.
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