Vítima
de uma bala perdida no sábado (18), Luan Oliveira Correa, de 12 anos,
poderia ter sido mais um na estatística de mortes violentas no Amapá.
Ele foi atingido com um tiro na nuca e passou mais de 60 horas com o
projétil alojado no corpo, à espera de uma cirurgia no Hospital da
Criança e do Adolescente (HCA), em Macapá. O adolescente foi submetido à
operação na quarta-feira (22) e sobreviveu sem sequelas. Na
quinta-feira (23), Luan voltou para casa, no município de Santana, a 17
quilômetros da capital.
Ao
lado dos irmãos e da avó, o garoto conta que lembra de tudo o que
aconteceu. "Nasci de novo. Quando me atingiram, só senti um choque que
parou todo o meu corpo, caí no chão e não tinha forças para me mexer,
mas vi o desespero do meu pai pedindo ajuda", descreveu Luan,
referindo-se ao pai, Walter Correa, de 40 anos, que ficou o tempo todo
ao lado do filho no hospital.
Na
cama onde Luan vai passar a maior parte do tempo nos próximos dias,
seguindo orientação médica, o menino segura na mão esquerda o terço
usado durante todo o período de internação. "Com certeza, Deus fez
alguma coisa por mim, tinha o terço desde antes do tiro, e agora não vou
deixá-lo", disse. Para se divertir, o garoto ouve música em um aparelho
de som comprado pelo pai.
Luan
agradeceu todos os cuidados recebidos pela equipe médica. Ele contou
que sentiu medo de ficar sem fazer as coisas de que mais gosta, como
jogar futebol, soltar pipa e ir para a escola, onde cursa a 6ª série do
ensino fundamental.
O
pai da criança se emocionou ao revelar o medo que sentiu de perder o
filho, desde o momento em que viu Luan levar o tiro até a longa espera
pela cirurgia. Walter revelou, ainda, que se preocupou com o fato de o
filho ter se mantido imobilizado durante quase todo o tempo de
internação.
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