O autismo resulta de anomalias no
desenvolvimento de certas estruturas cerebrais do feto, revelaram hoje
(27) neurologistas americanos. A descoberta faz parte de estudo que
mostra uma desorganização na estrutura cerebral das crianças autistas.
“Se for confirmada por outras
investigações, poderemos deduzir que isso reflete um processo que se
produz bem antes do nascimento”, explicou Thomas Insel, diretor do
Instituto Americano da Saúde Mental (Iasm), que financiou o trabalho
publicado na revista New England Journal of Medicine. “Esses resultados
mostram a importância de uma intervenção precoce para tratar o autismo,
que atinge uma em cada 88 crianças nos Estados Unidos”, acrescentou.
O autismo é “geralmente considerado um
problema do desenvolvimento do cérebro, mas as investigações não
permitiram ainda identificar a lesão responsável”, disse Insel.
“O desenvolvimento do cérebro de um feto
durante a gravidez inclui a criação do córtex – ou córtex cerebral –
composto por seis camadas distintas de neurónios”, precisou Eric
Courchesne, diretor do Centro de Excelência em Autismo
da Universidade da Califórnia (San Diego), principal coautor da
pesquisa. “Nós descobrimos anomalias no desenvolvimento dessas camadas
corticais na maioria das crianças autistas”, acrescentou.
Os médicos analisaram amostras de tecido
cerebral de 11 crianças autistas, com idade entre 2 e 15 anos, no
momento da sua morte, e compararam com amostras de um grupo de 11
crianças não autistas.
Os investigadores analisaram uma série
de 25 genes que servem de marcadores para certos tipos de células
cerebrais que formam as seis camadas do córtex e constataram que esses
marcadores estavam ausentes em 91% dos cérebros de crianças autistas,
contra 9% no grupo de controle (crianças não autistas).
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