Uma estação espacial chinesa de 12 metros de comprimento, 3 metros de
largura e aproximadamente 8,5 toneladas está fora de controle e deverá
cair na Terra, em local incerto, entre os dias 27 de março e 8 de abril,
de acordo com previsão feita pela Agência Espacial Europeia (ESA, na
sigla em inglês).
Inoperante, o módulo está a 240 quilômetros de altitude e deverá
entrar na atmosfera em chamas, espalhando detritos por uma área de mais
de mil quilômetros, segundo a ESA. A última missão tripulada a utilizar
as instalações da estação ocorreu em junho de 2013.
Segundo a ESA, a órbita da estação varia entre os paralelos 43 norte e
43 sul – o que significa que ela pode cair em praticamente qualquer
lugar da América do Sul, África, Oceania, ou em amplas áreas da Ásia e
da América do Norte, no sul da Europa ou nos oceanos. O mais provável,
dizem especialistas, é que o módulo caia no mar.
A Estação Chinesa Tiangong-1 foi lançada em 2011 para aperfeiçoar
tecnologias de acoplamento de naves. Com seu lançamento, a China se
tornou o terceiro país a ter uma estação espacial em órbita, depois de
Estados Unidos e Rússia.
Depois de várias missões, o módulo chinês deveria ter sido derrubado
de forma segura em 2013, mas continuou em operação até 2016. Já naquele
ano, o governo da China admitiu ter perdido o controle e informou não
ter mais como conter a reentrada do módulo na atmosfera, de acordo com a
Agência Espacial Brasileira (AEB).
Segundo a AEB, não é possível determinar com exatidão a data da
reentrada da estação na atmosfera por causa de inúmeras incertezas – a
principal é o efeito do atrito atmosférico.
Especialistas da ESA dizem que não é possível ter certeza de que a
estação sobreviverá à reentrada, porque a China não divulgou detalhes do
projeto. É possível que o módulo tenha tanques de titânio contendo
hidrazina, uma substância tóxica utilizada como propelente de foguetes.
“Para fazer qualquer declaração sensata sobre a possível
sobrevivência da nave, seria preciso saber o que há dentro dela. Mas os
únicos que sabem o que está a bordo da Tiangong-1 – ou mesmo do que ela é
feita – são os especialistas da Agência Espacial Chinesa”, disse Stijn
Lemmens, analista de detritos espaciais da ESA, em comunicado à
imprensa.
Riscos
De acordo com a AEB, é improvável que os detritos da Tiangong-1
atinjam qualquer pessoa ou danifiquem propriedades. A AEB recomenda que
ninguém se aproxime ou toque qualquer objeto espacial que tenha caído em
sua proximidade, já que materiais tóxicos como a hidrazina podem
sobreviver à reentrada na atmosfera.
Caso o céu esteja limpo no dia da queda da Tiangong-1, a reentrada
aparecerá, para quem observá-la da Terra, como um conjunto de várias
linhas brilhantes cruzando o céu em uma mesma direção.
O maior objeto feito pelo homem a cair na Terra foi a Estação
Espacial MIR, da Rússia, de 120 toneladas, em 2001. Os pedaços caíram em
chamas sobre o Oceano Pacífico, a 2 mil quilômetros da Austrália.
Antes disso, o Skylab, a primeira estação espacial americana, chegou a
causar pânico em todo o mundo, no fim da década de 1970, quando foi
anunciado que o módulo estava fora de controle e cairia em local
imprevisível. A estação de 91 toneladas acabou se desintegrando e alguns
detritos caíram sobre o Oceano Índico e em partes remotas da Austrália.
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