Três anos depois de assolada pela prisão de cartolas, em seu hotel em
Zurique, a Fifa segue com a “limpeza” da entidade e exclui o último
dirigente envolvido naquele escândalo de corrupção e que continuava sem
uma punição por parte da organização. Nesta sexta-feira, a Fifa anunciou
que baniu o brasileiro Marco Polo Del Nero de todas as atividades do
futebol por toda sua vida, além de aplicar uma multa de 1 milhão de
francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).
Isso significa que ele não pode nem entrar na CBF para eventos
sociais, não pode presidir clubes de futebol e nem fazer parte de
organização de torneios. Ele foi punido por corrupção, por aceitar
presentes de forma indevida e gestão desleal.
Del Nero foi indiciado pela Justiça dos Estados Unidos em 2015. Mas,
desde então, passou a evitar sair do Brasil para não ser preso. No final
do ano passado, porém, ele foi suspenso temporariamente, depois que a
Fifa recebeu evidências dos procuradores dos EUA sobre sua participação
em esquemas de corrupção na CBF. Prevendo sua queda definitiva, Del Nero
se apressou para montar uma transição na entidade do futebol brasileiro
que resguardasse seus interesses.
Para isso, manobrou para conseguir que Rogério Caboclo, seu aliado,
fosse eleito, sem oposição e sem qualquer outro candidato na disputa. A
mesma estratégia já havia sido adotada por Ricardo Teixeira, quando
deixou a CBF em 2012 e escolheu a dedo seus sucessores.
Num primeiro momento, a Fifa o havia afastado do futebol por três
meses, enquanto realizava suas investigações. Em março, a entidade
ampliou o inquérito por mais 45 dias. Del Nero ainda pode levar o caso à
Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), assim como fizeram
Joseph Blatter, Michel Platini e Jérôme Valcke. Todos, porém, foram
derrotados.
Durante o julgamento de José Maria Marin em dezembro de 2017, Del
Nero foi acusado de ter recebido US$ 6,5 milhões (cerca de R$ 22
milhões) em propinas, em troca de contratos comerciais com a CBF.
A Fifa, durante dois anos, não tocou em Del Nero, alegando que não
tinha provas suficientes para o punir. Mas o brasileiro acabou suspenso
quando os documentos do FBI se tornaram públicos Desde então, a entidade
passou a investigar o cartola.
Del Nero chegou a ser interrogado pela Fifa, por meio de uma vídeo
conferência. Sua defesa alegou que a entidade máxima do futebol não
conseguira produzir um só documento de acusação, em dois anos de
supostas investigações contra o brasileiro.
Cada um dos detalhes apresentados na corte americana contra Del Nero
foi questionado, entre eles os acordos com José Maria Marin para
repartir o dinheiro. Numa das evidências, os investigadores apontaram
como revelou que Del Nero herdou a propina que, até 2012, era paga a
Ricardo Teixeira. Mas o montante de US$ 600 mil foi aumentado para um
total de US$ 1,2 milhão (R$ 4,1 milhões).
Entre outros argumentos, Del Nero alegou que não esteve na reunião no
Paraguai citada por testemunhas em que subornos foram supostamente
negociados em relação a contratos de TV para torneios sul-americanos.
Em Nova York, durante o julgamento dos cartolas do futebol em
dezembro, o empresário argentino Alejandro Burzaco revelou na condição
de testemunha que foi em outubro de 2014 ao Paraguai. Lá, negociou
propinas com Del Nero e com o ex-presidente da Conmebol, Juan Napout.
Mas, na esperança de reverter a decisão, Del Nero tentou provar com
documentos de imigração que não viajou ao Paraguai para o suposto
encontro citado por Burzaco, chefe de uma das empresas que pagou
propinas por direitos de TV.
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