No Brasil, há um suicídio a cada 45 minutos. Os dados mundiais
indicam que ocorre uma tentativa a cada três segundos e um suicídio a
cada 40 segundos. No total, chega-se a 1 milhão de suicídios no mundo.
Provocar o fim da própria vida está entre as principais causas das
mortes entre jovens, de 15 a 29 anos, e também de crianças e
adolescentes.
No esforço para mudar esses números, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que a data de 10 de Setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Há quatro anos a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), promove a campanha nacional Setembro Amarelo.
O presidente eleito da Associação
Psiquiátrica da América Latina (Apal) e superintendente técnico da ABP,
Antônio Geraldo da Silva, destacou a importância da campanha para
prevenção e conscientização.
“Esses números são altíssimos, mas nós sabemos que são falhos. Mesmo assim, são assustadores.”
Crianças e jovens
Pelos dados da OMS, o suicídio é a terceira causa de morte entre
jovens de 15 a 29 anos. É também a sétima causa de morte de crianças
entre 10 e 14 anos de idade. O caminho, segundo Silva, é adotar medidas
preventivas de ajuda e auxílio.
“É uma maneira de a gente salvar vidas porque 90% dos suicídios
poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a tratamento e
pudessem tratar a doença que leva ao suicídio”, afirmou o presidente da
Apal.
Segundo o psiquiatra, em geral, a maior parte das pessoas que tenta
colocar fim à vida sofre de algum tipo de transtorno mental.
“Os estudos mostram que 100% de quem se suicida têm uma doença
mental. Os trabalhos mostram isso. Nem 100% de quem pensa em suicídio
têm doença mental, mas 100% de quem suicida têm transtorno mental”,
afirmou.
Redes sociais
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) pretende lançar
campanhas nas redes sociais ao longo deste mês para alertar sobre
suicídio e oferecer apoio e ajuda. Antônio Geraldo da Silva disse que os
especialistas devem abordar o assunto e buscar mais informações com
psiquiatras.
A ABP quer levar isso para a população. “A ABP quer popularizar. Nós
estamos levando isso para as escolas, empresas e instituições”, afirmou
o médico. “O que entristece os membros da ABP é ver que as pessoas
querem abordar o assunto, mas negando a doença mental, que a depressão
ou a esquizofrenia existam.”
O médico acrescentou: “Se a gente negar que a doença mental existe,
como vai falar de suicídio, sabendo que 100% de quem suicida têm doença
mental?”. “É uma doença como outra qualquer. Não escolhe raça, cor,
nada”.
Drogas
O psiquiatra Jorge Jaber, membro fundador e associado da
International Society of Addiction Medicine, especialista no tratamento
de dependentes químicos, ressaltou que o uso de álcool e drogas é o
segundo fator depois das doenças psiquiátricas, como ansiedade e
depressão, que leva ao aumento de suicídios.
Segundo ele, o suicídio é a causa de morte mais facilmente evitável
entre todas as doenças. “Enquanto doenças infecciosas, cardiovasculares e
tumores precisam de grande aporte médico e cirúrgico de alto custo, o
impedimento médico do suicídio pode ser atingido com remédios bem mais
baratos e somente conversando com o paciente.”
Para Jaber, o fundamental é dar atenção e escutar aquele que pensa em
cometer o suicídio. “O fato de alguém que tenta suicídio ser escutado
por cerca de 20 minutos pode impedir que ele tenha o impulso de cometer o
ato. Ouvir o suicida salva a vida dele”.
Na clínica onde atende dependentes químicos, Jaber informou que pelo
menos 20% dos pacientes internados tentaram suicídio. “Quanto mais as
pessoas falarem sobre o suicídio, menos suicídios ocorrerão” disse.
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