A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta
segunda-feira que o Comitê de Direitos Humanos da ONU deixou claro, em
novo parecer, a vinculação do Brasil às decisões do painel, que
anteriormente havia determinando a garantia de todos direitos políticos
de Lula, ao mesmo tempo que o presidente do comitê disse que respondeu a
pedido de esclarecimento dos advogados e que não houve nova decisão no
caso.
"A decisão reforça as duas decisões anteriores deixando bem
claro que o Brasil está vinculado ao cumprimento de todas as decisões
liminares do comitê", disse Valeska Teixeira Zanin Martins a jornalistas
em Curitiba, onde Lula está preso desde abril cumprindo pena por
corrupção e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá.
"E também lembra que todos os Poderes estão obrigados a dar cumprimento às decisões liminares do comitê", acrescentou Valeska.
Outro
advogado que representa Lula, Cristiano Zanin Martins disse que a nova
decisão do comitê será incluída em recursos já existentes no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Em resposta a pedido de posicionamento
sobre o caso feito pela Reuters em Genebra, o presidente do Comitê de
Direitos Humanos da ONU, Yuval Shany, disse que o órgão enviou carta
--em resposta ao pedido dos advogados de Lula-- esclarecendo sua posição
de que o Brasil se obriga a cumprir as decisões do órgão.
Shany ressaltou, ao mesmo tempo, que nenhuma nova decisão relevante sobre o caso foi tomada.
"A
carta explica que o fracasso em implementar medidas interinas é
incompatível com a obrigação dos Estados de respeitar de boa fé os
procedimentos do comitê sob o Protocolo Opcional, e os Estados não podem
invocar provisões de suas leis domésticas para evitar suas obrigações
de implementação", afirmou Shany na resposta escrita em inglês à Reuters
por email.
"É importante notar que o comitê não emitiu, no entanto, qualquer nova decisão substantiva no caso Lula da Silva", completou.
Na
madrugada de 1º de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou
o registro da candidatura presidencial de Lula com base na Lei da Ficha
Limpa devido à condenação do petista por um órgão colegiado da Justiça,
considerando que o Brasil não está obrigado a cumprir decisões do
Comitê de Direitos Humanos da ONU.
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