A Organização Mundial da Saúde (OMS)
alertou ontem sexta-feira (23) que o combate à epidemia de ebola
continua extremamente difícil e a situação, muito preocupante.
Em entrevista coletiva, o diretor-geral
adjunto da OMS e responsável pela resposta operacional à epidemia, Bruce
Aylward, advertiu contra falsos otimismos. “Faço uma analogia: há seis
meses, havia duas cobras na cama, e ninguém podia deitar-se ali. Agora,
só há uma cobra, mas isso não significa que podemos apagar a luz e
dormir”, disse Aylward.
Após mais de seis meses, o combate à
epidemia que afeta alguns países da África Ocidental – Guiné Conacri,
Libéria e Serra Leoa -, deu alguns resultados. Pela primeira vez desde
que começou o surto, os três países registraram, durante quatro semanas
seguidas, diminuição dos casos de contágio.
Nos últimos 21 dias (o período de
incubação do vírus é de aproximadamente três semanas), foram registrados
463 casos, entre suspeitos e prováveis, em Serra Leoa; 109 na Guiné
Conacri e 21 na Libéria, “o que constitui uma redução substancial, uma
tendência muito bem-vinda”, acrescentou o diretor da OMS.
Ele ressaltou, porém, que a OMS está
preocupada porque essa diminuição de casos “pode originar uma certa
indolência”, que seria o pior risco. “O objetivo deve ser unicamente a
redução dos casos a zero.”
Atualmente, um dos aspetos mais
preocupantes é que só 50% das infeções registradas têm origem em uma
lista de contatos, o que significa que existem muitos núcleos de
transmissão desconhecidos.
Segundo Aylward, outro aspeto
preocupante é o fato de existir uma forte transmissão nas capitais dos
três países, situação que dificulta o controle do contágio, dado o
grande número de pessoas, as constantes movimentações, a falta de
controle social e as migrações.
Em termos globais, 21.296 pessoas foram
infectadas pelo ebola desde o início do atual surto, há cerca de um ano,
e, conforme os dados mais recentes da OMS, 8.429 morreram.
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