Em toda essa turbulência, é fácil não ver a boa notícia: a força das
instituições democráticas brasileiras. Ao processar a corrupção na
Petrobras, os promotores federais de uma unidade especial anticorrupção
do Ministério Público não foram dissuadidos por posições hierárquicas,
aplicando um golpe na forte cultura da impunidade entre as elites do
governo e empresariais.
Antigos executivos da Petrobras foram
presos, assim como o rico executivo-chefe da gigante da construção
Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o almirante que supervisionava o
programa nuclear secreto do Brasil. Muitos outros enfrentam escrutínio,
incluindo o antecessor e mentor de Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Embora as investigações tenham criado enormes
problemas políticos para Dilma Rousseff e levantado questões sobre seu período
de sete anos na presidência [do Conselho de Administração] da
Petrobras, antes de se tornar chefe de governo, ela, admiravelmente, não
se esforçou para constranger ou influenciar as investigações.
Pelo contrário, constantemente enfatizou que ninguém está acima da lei e apoiou um novo mandato para o promotor-geral encarregado do processo da Petrobras, Rodrigo Janot.
Até agora, as investigações não encontraram provas de atos ilegais de
sua parte. E embora Dilma Rousseff seja sem dúvida responsável pelas políticas
e grande parte da má administração que derrubaram a economia
brasileira, estas não são ofensas que levem a um impeachment.
Forçar Dilma Rousseff a deixar o cargo sem evidências concretas de erros
causaria grave dano à democracia que vem se reforçando há 30 anos, sem
qualquer benefício compensatório. E nada sugere que os líderes à
espreita fariam um melhor trabalho na economia.
Não há dúvida de
que os brasileiros enfrentam tempos difíceis e frustrantes, e as coisas
provavelmente vão piorar antes de melhorar. Dilma Rousseff também deverá
sofrer muito mais críticas e problemas. Mas a solução não deve ser minar
as instituições democráticas, que, afinal, são as garantias de
estabilidade, credibilidade e governo honesto.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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