Operação já alcançou 98 parlamentares de PP, PT, PMDB e PSDB, mas apenas dois processos foram abertos.
Apesar da avalanche de acusações levantadas pela Lava-Jato contra políticos, os órgãos internos dos partidos destinados a fiscalizar a postura ética de seus filiados têm tido atuação quase nula. Nos três anos da operação, 98 integrantes do PP, PT, PMDB e PSDB — as quatro siglas com mais implicados — foram citados em delações, mas as legendas fecharam os olhos para praticamente todas as denúncias relatadas.
Apesar da avalanche de acusações levantadas pela Lava-Jato contra políticos, os órgãos internos dos partidos destinados a fiscalizar a postura ética de seus filiados têm tido atuação quase nula. Nos três anos da operação, 98 integrantes do PP, PT, PMDB e PSDB — as quatro siglas com mais implicados — foram citados em delações, mas as legendas fecharam os olhos para praticamente todas as denúncias relatadas.
Não é por falta de normas que as punições não ocorrem. Os estatutos e
códigos de ética dos partidos condenam atos de improbidades e que ferem a
ética cometidos nos exercícios de mandatos e cargos públicos, como os
apontados pelos delatores. São previstos processos disciplinares que
podem resultar até na expulsão do filiado.
— As acusações não envolvem só um desvio individual, mas estão
relacionadas com o financiamento do conjunto do partido. A cúpulas
partidárias estão no jogo e quando estão envolvidas é muito difícil a
punição — avalia o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV
Nos quatro partidos com mais citados, todos os presidentes são
investigados. A petista Gleisi Hoffmann teve a denúncia aceita e
responde ação por corrupção e lavagem de dinheiro. O tucano Aécio Neves,
licenciado da presidência do PSDB, foi denunciado pela Procuradoria
Geral da República (PGR), que pediu sua prisão. O presidente do PMDB,
Romero Jucá, flagrado em áudio defendendo estancar a Lava-Jato, é alvo
de cinco inquéritos. Ciro Nogueira, presidente do PP, também foi
denunciado pela PGR.
Em 2014, no início da Lava-Jato, o PT decidiu abrir procedimento na
comissão de ética do partido contra o deputado André Vargas (PR),
acusado de usar o avião do doleiro Alberto Youssef. Na época, as
investigações sugeriam que se tratava de um caso isolado. Vargas, até
hoje preso em Curitiba, pediu sua desfiliação antes da conclusão da
apuração.
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