Levantamento inédito feito pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) revela que apenas três
em cada dez brasileiros na idade adulta praticam atividades físicas e
esportivas com regularidade. O levantamento mostra ainda que os homens
praticam atividade física 28% a mais do que as mulheres e as pessoas com
maior renda têm mais acesso à prática esportiva.
De acordo com o Relatório de
Desenvolvimento Humano Nacional 2017 – Movimento é Vida: Atividades
Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas, em 2015, 37,9% dos
brasileiros entrevistados disseram praticar esporte. Entre os homens, o
índice ficou em 42,7% e entre as mulheres, em 33,4%. O Distrito Federal
(50,4%) é a unidade da Federação em que as pessoas mais praticam
atividade física, enquanto Alagoas (29,4%) tem o menor percentual.
“Os dados analisados reforçam a
compreensão de que realizar atividade física e esportiva não se
restringe somente a uma decisão individual, mas é também produto de como
a sociedade pauta a vida coletiva. Isso significa que aconselhar os
indivíduos a praticar mais exercícios, sem criar oportunidades efetivas
para as pessoas se engajarem com as práticas, nem enfrentar os
condicionantes sociais que limitam o envolvimento, dificilmente mudará o
cenário”, diz o relatório.
O levantamento, que traz dados sobre o
perfil da prática esportiva no Brasil, faz recomendações aos governos
nas áreas de saúde, educação, esporte e desenvolvimento humano. De
acordo com o Pnud, a intenção do estudo é “contribuir para o aumento das
práticas esportivas de modo a oportunizar patamares mais elevados de
desenvolvimento humano para todas e todos”.
Segundo o estudo, ser homem, jovem,
branco, sem deficiência e de alto nível socioeconômico e educativo
significa praticar muito mais atividades físicas e esportivas do que o
restante da população. Em contrapartida, as mulheres de baixo nível
socioeconômico e educativo, as pessoas idosas, as pessoas negras e as
pessoas com deficiência são a maioria entre os não praticantes.
Conforme o levantamento, pessoas com rendimento mensal domiciliar per capita
de cinco salários mínimos ou mais praticam até 71% a mais do que a
média das pessoas adultas no Brasil. Já o grupo de pessoas sem nenhum
nível de instrução pratica até 54% a menos que a média das pessoas
adultas.
“Esse não é um problema exclusivamente do
Brasil, em que as pessoas estão cada vez mais sedentárias”, argumentou o
professor de educação física, especializado em treinamento de alto
rendimento, Marcio Atalla. Segundo ele, a própria história da humanidade
explica um pouco a dificuldade de o ser humano sentir-se motivado a
praticar esportes.
“A origem do problema é o ser humano, que
é poupador. Se buscarmos a história, o ser humano sempre se movimentou
porque o meio ambiente exigia. Até o fim da década de 1980, as pessoas
tinham uma quantidade maior de movimento por viver sem celular,
computador, com poucas escadas rolantes, muito pouco controle remoto.
Com muita tecnologia, as pessoas passam a não se movimentar. No
automático, por ser poupador, o ser humano não vai se movimentar. Daí a
importância de trabalhos como esse do Pnud, que tentam mapear a situação
para encontrar uma solução”, disse Atalla.
Nenhum comentário:
Postar um comentário