A maioria das crianças e dos adolescentes das classes D e E,
pertencentes a famílias que recebem menos de 3 salários mínimos, acessa a
internet exclusivamente pelo celular. Segundo a pesquisa TIC Kids
Online, divulgada hoje (5) pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), 61%
dos jovens de 9 a 17 anos nessa faixa de renda que, no período de três
meses, usaram a rede ao menos uma vez fizeram o acesso apenas pelo
telefone móvel.
O índice cai para 12% entre crianças e adolescentes das faixas de renda mais altas, classes A e B.
No
total dos jovens, 37% acessam a internet apenas pelo celular. Enquanto
54% navegam no mundo virtual tanto pelos dispositivos móveis quanto pelo
computador, apenas 7% acessam a rede exclusivamente por computador.
De
acordo com o estudo, em relação a toda a população com idade entre 9 e
17 anos, 82%, ou seja, 24,3 milhões de jovens acessam a internet.
O
levantamento foi feito com base em 3 mil entrevistas domiciliares com
crianças e adolescentes e 3 mil com pais e responsáveis entre novembro
de 2016 e junho de 2017.
O índice de uso da rede nas classes D e E
é de 66%, enquanto nas faixas A e B fica em 98%. Na classe C, o
percentual é de 89% - desses, 34% tiveram acesso somente pelo celular.
Desigualdades regionais e de renda
As
regiões Norte e Nordeste foram as que registraram maior número de
jovens usuários com acesso exclusivamente pelo telefone, 52% e 49%,
respectivamente. Essas também são as partes do país com menor índice de
crianças e adolescentes com possibilidade de uso da rede, 73% no
Nordeste e 69% no Norte. No Sudeste o percentual entre a população de 9 a
17 anos que navega no mundo virtual é de 91%.
Mesmo com a
expansão do uso de telefones móveis, 87% das crianças e adolescentes das
classes A e B relataram uso da rede pelo computador, 32% pelo videogame
e 34% pela televisão. Pelo celular, o percentual nessa faixa de renda
chega a 92%. Nas classes D e E, a navegação pelo computador ficou em
34%, e na classe C em 64%.
Para o gerente do Centro de Estudos
sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br),
Alexandre Barbosa, o celular é um fator de expansão do ingresso à rede,
mas o uso exclusivo desse tipo de dispositivo também mostra uma
desigualdade no acesso à internet. “A principal barreira para o acesso
ainda é o custo da conexão, sobretudo a conexão de banda larga fixa.
Então, a banda larga móvel acaba sendo uma forma alternativa desse
acesso”, ressaltou durante a apresentação dos dados.
“Há um
consenso que a combinação desses dispositivos trazem mais oportunidades.
O usuário de telefone celular acaba executando mais atividades
relacionadas à comunicação, principalmente redes sociais e mensagens
instantâneas”, destacou o pesquisador do Cetic Fábio Senne. “A escola
ainda não incorporou o celular como ferramenta de uso pedagógico porque
tem certas limitações do que você pode fazer no celular”, acrescentou
sobre os problemas do uso unicamente pelos telefones.
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