Os cartórios de registro civil do país
poderão emitir documentos de identificação, como passaporte e carteira
de trabalho, alterar informações em certidões de nascimento, além de
permitir que os pais escolham a naturalidade do filho de acordo com o
local de nascimento ou com a cidade onde a família reside. As mudanças
vieram com a Lei nº 13.484/17, sancionada na semana passada, que transformou os cartórios de registro civil em ofícios da cidadania.
Segundo o presidente da Associação dos
Notários e Registradores de São Paulo (Anoreg/SP), Leonardo Munari, com a
medida os órgão públicos podem aproveitar da capilaridade dos
cartórios, além de tornar a emissão de documentos mais acessível à
população. “Os governos, seja federal, estaduais ou municipais, só
tendem a ganhar porque podem economizar com mão de obra, procedimentos
internos e utilizar dessa capilaridade dos cartórios”, disse. Hoje, o
Brasil conta com quase 14 mil cartórios.
Entretanto, a oferta desses serviços em
cartório não é universal. Vai depender de convênios firmados entre as
associações de cartório e os órgãos expedidores de documentos. A emissão
de passaporte, por exemplo, depende de convênio com a Polícia Federal;
já a emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) depende de
convênio com o Departamento de Trânsito (Detran) de cada unidade da
federação.
Segundo Munari, a expectativa é que o
funcionamento desse serviço seja gradual a partir de projetos pilotos.
No Rio de Janeiro, por exemplo, já existe um piloto em cinco cartórios
para a emissão da segunda via do Registro Geral (RG). “Isso vai depender
do interesse do órgão publico ou órgão privado”, explicou. “Os
cartórios têm todo o interesse em prestar mais e bons serviços à
população, de forma que todos saiam ganhando”.
O presidente da Anoreg/SP explicou ainda
que os valores para emissão dos documentos vai depender do convênio
firmado com cada órgão, “sempre com consciência”, mas ressalta que os
documentos que são gratuitos, definidos por lei, continuarão assim.
Sobre o risco da descentralização desses
serviços facilitar as fraudes, Munari disse que o fato dos cartórios
serem fiscalizados pelo Poder Judiciário ajudou na aprovação da lei. “O
cartório já passa por fiscalização rigoroso naturalmente e isso vai
continuar. Fraude acontece em todo o lugar, por mais que a gente
encontre documentos fraudados, isso não é feito dentro do cartório. As
quadrilhas muitas vezes falsificam copiando os moldes”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário