O Ministério Público do Estado de Minas Gerais vai instaurar
inquérito civil para investigar se houve negligência do município de
Janaúba e do estado de Minas Gerais no acompanhamento do vigia Damião
Soares dos Santos, de 50 anos, que trabalhava como vigia de uma creche e
ontem (5) ateou fogo em crianças no local, deixando cinco mortas. O MP
quer saber se foi identificada, com antecedência, a necessidade de
acompanhamento psicológico ao vigia e se ele teve acesso a algum
tratamento.
Além das cinco crianças, uma professora e o vigia –
que ateou fogo em si mesmo após cometer o crime – também morreram. A
creche, que fica no bairro Rio Novo, é pública e recebe crianças de zero
a 6 anos.
"Haverá um inquérito civil para analisar o
acompanhamento desse caso desde 2014 até 2017 para ver se houve algum
tipo de falta do município ou do estado com serviço de saúde mental ou
se o caso foi absolutamente manifestação da barbaridade desse sujeito",
disse o promotor Jorge Victor Cunha Barreto, em coletiva de imprensa.
"Tem
um inquérito policial hoje que não tem como finalidade prender ninguém,
mas dar uma resposta. Todo mundo quer saber por que esse sujeito
praticou um ato de tamanha barbaridade. Só que não é suficiente essa
resposta do ponto de vista penal, do ponto de vista criminal",
acrescentou.
Segundo o prefeito de Janaúba, Isaildon Mendes,
Santos era vigia noturno na creche, desde 2008, e não tinha contato
algum com as crianças. O expediente dele começava após elas deixarem a
escola e terminava antes de chegarem. Ele havia acumulado férias de três
meses e tinha acabado de voltar a trabalhar. Trabalhou na segunda-feira
e faltou na quarta-feira.
A diretora da instituição ligou para
ele perguntando se estava tudo bem e ele disse que sim. "Não tinha
motivo para suspeitar de tragédia. Ele pediu para entrar para entregar
um atestado médico. Nenhuma autoridade poderia imaginar que isso pudesse
acontecer", diz.
De acordo com Mendes, durante todo período em
que o vigia trabalhou na creche, não houve reclamações ou indícios de
comportamento que demonstrasse algum desequilíbrio emocional.
O
delegado responsável pelo Departamento Regional da Polícia Civil, Renato
Nunes, explicou ainda que Santos tinha uma mini fábrica de picolé e que
o álcool era usado como insumo para resfriar o produto. Portanto, ter
uma grande quantidade do produto em casa não seria suspeito. "No momento
da ação, ele tinha consciência do que estava cometendo, não estava
surtado, ele estava em sã consciência", disse. "Foi imprevisível, um
fato isolado que aconteceu, com acontece em outros países, infelizmente.
É a mente humana. Não pudemos evitar".
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