O incêndio que matou cinco crianças e uma
professora na Creche Municipal Criança Inocente, em Janaúba, norte de
Minas, ocorreu no meio da festa de dia das crianças, antecipada por
causa do feriado na semana que vem. Com uma mochila nas costas e um pote
azul nas mãos, o vigilante Damião Soares da Silva, de 50 anos, entrou
no salão, fechou a porta e atraiu a atenção das crianças. “Eu vou dar
picolé para vocês.”
Silva atirou álcool nos alunos e no
próprio corpo, depois ateou fogo. Segundo as investigações, o ato foi
premeditado e ocorreu no aniversário de três anos da morte do pai do
vigilante. No momento do atentado, apenas as crianças do berçário não
participavam da festa. A dinâmica do crime foi relatada por testemunhas à
Polícia Civil.
De acordo com o delegado Renato Nunes
Henriques, chefe do Departamento da Polícia Civil de Montes Claros,
responsável pela região, Silva, de fato, fabricava picolé em casa. Por
isso, ele comprava etanol, usado como insumo na produção e guardava em
casa (misturado com água, o álcool mantém a temperatura mais baixa).
“A investigação, agora, é para traçar o
perfil psicológico dele”, afirmou o delegado. “Ele começou a demonstrar
transtornos em 2014, quando foi ao Ministério Público denunciar que a
mãe estava envenenando a comida dele mas era mentira.” Para vizinhos da
creche, o vigilante parecia uma pessoa normal. “Ele não mostrava isso
para a sociedade.”
Ao longo da semana, familiares relataram que Silva repetiu, ora que daria um presente a eles, ora que iria morrer.
Velório.
Os corpos das vitimas começaram a ser
velados por familiares, em casa, na noite desta quinta-feira, 5. Os
enterros ocorrem separadamente no cemitério da cidade. A primeira
criança a ser enterrada foi Ana Clara Ferreira Silva, de 4 anos, irmã
gêmea de Victor Hugo Ferreira Silva, que, por estar com conjuntivite não
foi para a escola no dia do crime. “Poderia ter sido os dois”, disse o
avô Antônio Ferreira, de 55 anos.
Ana Clara sofreu queimaduras no rosto e
no corpo e não resistiu. Outras duas irmãs dela inalaram fumaça, foram
internadas e transferidas para Montes Claros. O ataque causou a morte de
cinco crianças e uma professora. Damião Silva também morreu em função
das queimaduras.
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